Cléa Barcelos, tia de Flávio Flores Barcelos, 18 anos, assassinado a tiros por homens encapuzados na madrugada desta terça-feira, no Beco da Tela, na Vila Schirmer, no bairro João Goulart, região nordeste da cidade, acredita que seu sobrinho foi morto por engano. Segundo ela, o sobrinho era um jovem tranquilo, cheio de amigos e que nunca havia se envolvido em brigas.
– Ele era um menino muito bom, alegre, cheio de vida. Único problema é que ele era dependente químico, mas estava lutando para sair desse mundo – revela a tia.
De acordo com o titular da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), Sandro Meinerz, a vítima não tinha antecedentes criminais. Ele não descarta a hipótese da vítima e dos outros dois baleados estarem no lugar errado, na hora errada, assim como não descarta outras possibilidades.
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O que se comenta no Beco da Tela é que os criminosos teriam chegado ao local, em dois carros pretos, descido dos veículos usando tocas ninja e que teriam dito que estavam à procura de um homem que não estaria no local onde as três vítimas foram baleadas.
O jovem de 18 anos teria se manifestado e, nesse momento, os atiradores teriam ordenado que o trio erguesse as mãos para o alto, dizendo-se da Polícia Civil. Então, efetuaram pelo menos 40 tiros contra as vítimas. Ninguém foi preso até o momento.
Segundo Cléa, Flávio foi criado pelas tias e pela avó paterna, em função da dificuldade financeira de seus pais. Ele residia, desde a infância, no bairro Nossa Senhora de Lourdes, e estudou na Escola Edson Figueiredo, onde cursou até o 9º ano. Ela conta, ainda, que o jovem de 18 anos, que não estava estudando, já havia mandado fazer sua Carteira de Trabalho e se alistado para tentar prestar serviço militar.
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– Ele tinha o sonho de seguir carreira militar. Ele acreditava que seria um ambiente bom, e via isso como um meio de salvar sua vida da dependência. Ele já estava tentando parar de usar drogas para fazer e passar pelos exames toxicológicos. Ele via no quartel uma esperança, uma salvação – explica Cléa.
O corpo de Barcelos foi sepultado na terça-feira no Cemitério São José, no bairro Chácara das Flores. Com o assassinato do jovem, Santa Maria registra o 17º homicídio do ano.
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Mesmo sem esperança de que justiça seja feita, Cléa acredita que os responsáveis pela morte do jovem vão pagar de alguma forma.
– Acho que será apenas mais um inocente a perder a vida e sem punição dos culpados. Mas se a justiça dos homens falha, da justiça divina eles não escapam – crê.