São Paulo registra, neste domingo, atos em celebração ao Dia do Trabalho. Nas manifestações, são defendidos posicionamentos diferentes em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A favor de eleições gerais
Na Avenida Paulista, a Central Sindical Popular (Conlutas), PSOL e PSTU pedem a realização de novas eleições gerais no país. O ato ocorre desde as 10h em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Segundo os organizadores, participam da mobilização sindicalistas vindos de vários Estados. São esperadas 10 mil pessoas até o encerramento do protesto. A Polícia Militar não fez estimativa de público até o momento.
Dirigente da Confederação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, Josias de Mello, disse que a categoria teme a retirada de direitos trabalhistas diante do atual cenário político. Os manifestantes dizem ser contrários à presidente Dilma, ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao vice-presidente Michel Temer, ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
De acordo com a Conlutas, a manifestação é um contraponto aos atos programados para este domingo pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), a partir das 12h, no Vale do Anhangabaú, e da Força Sindical, das 7h às 15h, na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte da capital paulista.
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A favor do governo Dilma
Na mobilização da CUT, a presidente Dilma deverá anunciar reajustes no benefício do programa Bolsa Família e na tabela do Imposto de Renda Pessoa Física. Segundo a CUT, está confirmada a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ato, que reúne mais de 60 entidades que formam as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo. As centrais sindicais realizam o ato "em defesa da democracia, contra o golpe e contra a retirada de direitos."
Segundo Vágner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a ação representa uma união "histórica da esquerda brasileira" pela "a luta pela democracia".
– Todos nós unificamos para defender a democracia, porque nós sabemos que o golpe é contra a Dilma e Lula, mas principalmente contra os trabalhadores. O golpe é para retirar direitos, acabar com a CLT, com a política de valorização do salário mínimo e com os benefícios sociais – avaliou.
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, também destacou a união da esquerda contra o impeachment da presidente Dilma.
– Acho que o mais importante é manter todos esses grupos e todas essas entidades que tem resistido ao golpe. É fundamental neste momento manter essa unidade para continuar combatendo o golpe. Temos a votação no Senado e, independentemente desse resultado, não vamos reconhecer a legitimidade de um governo que tenta assumir sem o voto popular – ressaltou.
A favor do impeachment
Já a manifestação da Força Sindical, além de apresentações musicais e sorteio de brindes, tem 19 carros de som no local. Os organizadores esperam a presença de cerca de 1 milhão de pessoas, mas não estimaram quantas já chegaram ao evento. A Polícia Militar só divulgará seus números à tarde.
O ato é um contraponto ao evento organizado por entidades ligadas ao governo e ao PT. Parlamentares de oposição, os deputados Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Mendonça Filho (DEM-PB), Bruno Araújo (PSDB-PE), Major Olímpio (SD-SP), Rubens Bueno (PPS-SP) e Augusto Coutinho (SD-PE), entre outros, chegaram ao local pela manhã.
A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) foi vaiada durante discurso no ato organizado pela Força Sindical. As vaias começaram quando a peemedebista, provável candidata do partido à Prefeitura de São Paulo, foi anunciada e continuaram durante seu breve discurso. Marta disse que "o país tem jeito" e que há "uma luz no fim do túnel", em referência à possibilidade de o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assumir a Presidência.
– Daqui a 10 dias teremos mudanças – disse a senadora, sobre a possível data da votação da admissibilidade do pedido de impeachment de Dilma Rousseff no Senado.
*ZERO HORA COM AGÊNCIA BRASIL E ESTADÃO CONTEÚDO