Dois "conglomerados" de movimentos sociais de esquerda arquitetaram os protestos por todo o país nesta terça-feira: a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo. Os bloqueios em rodovias são parte de um cronograma previsto para este 10 de maio, chamado Dia Nacional de Paralisações e Mobilização Contra o Golpe, cujo principal objetivo é barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
No Rio Grande do Sul, grupos bloquearam pelo menos 17 trechos em 11 estradas diferentes pela manhã. Ao meio-dia, estava prevista uma concentração na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre. No início da noite, os manifestantes permaneciam no local, mas não havia previsão de caminhada.
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Mas quem são essas frentes? Ambas foram lançadas no segundo semestre do ano passado e reúnem grupos esquerdistas, como sindicatos, sem-teto, igrejas e movimentos de juventude. A criação de duas frentes ocorreu devido à dificuldade de encontrarem um discurso na esquerda que agrade a todos os segmentos.
A Brasil Popular, que reúne mais de 60 entidades, defende com mais veemência o governo Dilma e o PT (o partido, inclusive, faz parte da Brasil Popular). Enquanto a Povo Sem Medo, que tem 30 organizações listadas, incluindo movimentos menos tradicionais, prefere falar em defesa da democracia e dos direitos trabalhistas. Ambas são contra o impeachment e por isso organizaram protestos para chamar a atenção para a causa.
Claudir Nespolo, presidente da Central Única dos Trabalhadores no Estado (CUT-RS), entidade que faz parte das duas frentes, avalia que os bloqueios foram positivos:
– Conseguimos botar na rua a pauta real que tem por trás do golpe. Fizemos um bom debate. E não temos outros instrumentos a usar a não ser estes (bloqueios de rodovias) – aponta Nespolo. – Se o impeachment passar, vai ser tarde. Então a hora é agora. E vai ter muito mais.
Dirigente estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-RS), que faz parte da Frente Brasil Popular, Cedenir de Oliveira reforça que os bloqueios tinham previsão de durar três horas em cada rodovia. Para ele, foi um "instrumento de reflexão e de mobilização".
– A militância está se posicionando contra essa manobra para destituir uma presidente legitimamente eleita – reformou Oliveira.