A morte do adolescente Yuri Matheus da Silva Machado, 17 anos, após um assalto a um trailer de lanches na última terça-feira, em Santa Maria, segue causando repercussão. De um lado, pessoas enaltecem a ação policial. Do outro, familiares e amigos revoltam-se com os comentários ofensivos nas redes socais. Em um post do Facebook, uma prima do adolescente escreveu:
Adolescente morto em assalto enviou mensagem à namorada 20 minutos antes de ser atingido
"Todo mundo questiona sem saber nada. Sem conhecimento jurídico. Se todo mundo soubesse o dia de amanhã não haveria necessidade de justiça muito menos de polícia (...) A dor do pai só é sentida por ele, qualquer pai aqui está sujeito a ter um filho morto, a ter um filho bandido. Vamos parar com essa hipocrisia. Cada um cuida de fazer o seu trabalho bem feito e pronto, mania de opinar com discursos ofensivos. Ou vocês acham que dizendo que "bandido bom é bandido morto" vocês não estão incentivando algum crime? A legitimidade tem que ser questionada a fim de que o Estado não faça o que quiser. Hoje é um bandido, criminoso não é mesmo? Amanhã pode ser teu marido, teu filho, tua esposa, enfim qualquer um. Não podemos aceitar a atitude da polícia em atirar pelas costas (...)".
Investigação aponta que policial que matou adolescente suspeito de roubo agiu em legítima defesa
À reportagem do Diário, a prima de 25 anos, que não quis ter o nome divulgado, falou que sabe exatamente a educação que o adolescente morto recebeu e o esforço dos pais para educá-lo.
– Infelizmente, o Yuri não quis seguir o certo. Ele era infantil, mas não quero culpar ninguém pelo ato dele – comentou a prima.
O policial que reagiu ao assalto
O Diário tentou contato com o policial por duas vezes, na última quarta e na quinta-feira, mas foi informado por meio de seus superiores, que ele não deseja se pronunciar sobre o caso. O advogado do policial também não foi localizado.
Investigação em andamento
De acordo com o delegado Gabriel Zanella, titular da Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD)de Santa Maria, responsável pelo caso, ainda não há informações sobre a identidade e o paradeiro do suspeito que estava em uma motocicleta e acompanhava Yuri na noite do assalto.
A Polícia Civil trata o caso como legítima defesa do policial militar, o que não configura crime. Caberá ao Ministério Público acatar a conclusão da investigação, que deve ser finalizada em 30 dias. Caso o MP entenda que o policial não agiu em legítima defesa, pode denunciá-lo por homicídio. Nessa situação, Santa Maria teria registrado o 19º assassinato do ano.