Após a tragédia de Mariana (MG), a Vale modificou dados sobre o volume de lama que jogava na barragem de Fundão, conforme reportagem do jornal Folha de S.Paulo, que cita um relatório da Polícia Federal (PF). O desastre ambiental, que ocorreu em novembro do ano passado, deixou 19 mortos e poluiu o Rio Doce.
De acordo com a apuração da PF, a empresa adulterou relatórios para confundir as investigações. Ao lado da angloaustraliana BHP Billiton, a Vale é uma das donas da Samarco, responsável pela barragem.
Leia mais
ZH refaz a rota da lama de Mariana, de Minas Gerais ao Espírito Santo
MP quer impedir que Samarco retome atividades em Mariana
A mineradora gerava na região da tragédia dois tipos de rejeitos: lama, destinada à estrutura da Samarco, e arenosos, que iam para o reservatório de Campo Grande. Conforme a Folha, com as modificações de dados oficiais sobre o teor de concentração do minério que produzia em Mariana, o volume de lama lançado na barragem ficou menor do que o mencionado inicialmente.
Um informe da PF sublinha que a Vale alterou os últimos cinco Relatórios Anuais de Lavra (RALs) que havia enviado ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Por meio de nota, a empresa admitiu as modificações, mas declarou que as mudanças foram "correções". No entanto, de acordo com a Polícia Federal, o objetivo da ação era "iludir as autoridades fiscalizadoras".
Em contato com a Folha, a Vale também relatou ter realizado auditoria nos dados informados anteriormente ao governo para "corrigir o que cabia". Conforme a empresa, as alterações foram avisadas à PF e ao Ministério Público Federal (MPF).
"Em momento algum a Vale tentou atrapalhar ou confundir qualquer ato realizado pelo órgão fiscalizador; ao contrário, deu total transparência e conhecimento a quem de direito", salientou a mineradora em nota.