As quatro garotas que foram detidas no ato contra o governo interino de Michel Temer, em Porto Alegre, denunciaram, nesta terça-feira, o excesso de força policial e a truculência da Brigada Militar durante o tumulto registrado na manifestação.
Alexandra Assumpção, uma das mulheres detidas no protesto, criticou a conduta da BM, em entrevista coletiva organizada na sede da Ajuris, na Capital. Ela entende que houve uma espécie de armação da polícia, que usou agentes infiltrados no ato para identificar pessoas pré-determinadas.
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– Não acho que eles estivessem nos vigiando, mas é muito esquisito, porque somos mulheres, feministas e militantes. Na hora, achei que fosse uma armação. Eles nos prenderam todas juntas – disse.
Inicialmente, a informação oficial era de três pessoas mulheres presas no ato. Elas foram levadas para a 3ª DPPA para registrar ocorrência. Uma quarta garota, que foi ao local prestar queixa por lesão corporal contra a polícia, recebeu voz de prisão e foi algemada, assim como as demais. Durante a madrugada de sábado, as quatro assinaram termo circunstanciado e foram liberadas.
O advogado das jovens, Darcy de Moraes, diz que as quatro estão respondendo por tentativa de lesão corporal e resistência. O defensor afirma que ainda está estudando o caso para apresentar as medidas jurídicas cabíveis, mas adianta que irá denunciar a conduta dos policiais para os órgãos competentes.
– De vítimas, elas simplesmente passaram a ser agressoras. Trata-se de um caso de absurdo exagero e desnecessária carga de força em pessoas que não ofereceram resistência – ressalta.
Procurado, o tenente-coronel Mário Ikeda, chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Brigada Militar, afirmou que não iria rebater as acusações e que não cabe novas manifestações, já que o governo do Estado lançou uma nota com explicações. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) também foi procurada e manteve a mesma posição de Ikeda.
No comunicado, divulgado nesta segunda-feira, o governo disse que "todos os grupos sociais têm direito de fazer manifestações públicas", mas que "eventuais excessos, de parte a parte, devem e serão apurados individualmente por meio das medidas cabíveis".
*Zero Hora