O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de tentar obstruir as investigações da Justiça na Operação Lava-Jato. As informações são do Jornal Nacional, que teve acesso à íntegra da denúncia da PGR.
De acordo com a Procuradoria, o senador cassado Delcídio Amaral, seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira, José Carlos Bumlai e o filho dele Maurício Bumlai se juntaram a Lula e atuaram para comprar, por R$ 250 mil, o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró. A organização foi identificada por quebra de sigilos bancários e telefônicos, registros de outras provas materiais, passagens aéreas e diárias de hotéis, além da delação do próprio Delcídio.
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Segundo o Jornal Nacional, a denúncia sustenta que o primeiro pagamento, de R$ 50 mil, foi efetuado por Delcídio em maio do ano passado, que teria recebido a quantia do filho de Bumlai em um almoço. Mauricio havia feito dois saques de R$ 25 mil dias antes do encontro em uma agência na Rua Tutóia, em São Paulo.
Ainda conforme a denúncia, a qual o Jornal Nacional teve acesso na íntegra, sustenta que Diogo Ferreira fez o pagamento do montante que restava entre junho e setembro do ano passado, sempre recebendo a quantia de Bumlai.
A Lava-Jato, segundo o JN, quebrou o sigilo de e-mails do Instituto Lula e apontou que o ex-presidente se encontrou com o senador cassado cinco vezes entre abril e agosto do ano passado, antes e durante as tratativas e pagamentos a Nestor Cerveró. Uma das reuniões com Delcídio ocorreu dias antes do primeiro pagamento, conforme a denúncia da PGR.
Em delação, Delcídio Amaral afirmou que a tentativa de comprar o silêncio de Cerveró era evitar que fatos supostamente ilícitos entre ele, Lula e Bumlai viessem à tona com a prisão do pecuarista.
No fim da denúncia, a PGR, conforme o JN, conclui que Lula "impediu e/ou embaraçou investigação criminal que envolve organização criminosa, ocupando papel central, determinando e dirigindo a atividade criminosa praticada por Delcídio do Amaral, André Santos Esteves, Edson de Siqueira Ribeiro, Diogo Ferreira Rodrigues, José Carlos Bumlai" e pede a condenação dos denunciados por obstrução da Justiça.
Contrapontos
Em nota ao Jornal Nacional, o Instituto Lula informou que o ex-presidente "jamais" tentou interferir na conduta de Cerveró ou em qualquer outro assunto relacionado à Operação Lava-Jato.
A defesa de José Carlos Bumlai negou as acusações e afirmou que ele nunca pagou qualquer valor a Cerveró. Também declarou que o ex-senador está vendendo informações falsas em troca de sua liberdade. Os advogados de Maurício Bumlai informaram que só comentarão o caso depois de terem acesso à denúncia inteira.
A defesa de Diogo Ferreira confirmou os pagamentos, mas disse que foram feitos a mando do ex-senador Delcídio do Amaral.
O advogado de Edson Ribeiro declarou que seu cliente sequer conhece Lula e Bumlai e voltou a afirmar que Ribeiro jamais participou de qualquer ato de obstrução à Justiça.
A defesa de André Esteves declarou que seu cliente não cometeu nenhuma irregularidade.
O Jornal Nacional não obteve resposta dos advogados de Delcídio do Amaral.