Depois de ter o carro atingido por quatro tiros na noite de quinta-feira, o vereador Rodrigo Maroni (PR), que é pré-candidato à prefeitura de Porto Alegre, diz estar convicto de que sofreu uma tentativa de homicídio. Com várias desavenças acumuladas em decorrência de seu trabalho na proteção animal, o vereador comenta que há muitas possibilidades para a autoria do ataque.
– Eu sei que tem muita gente que não gosta de mim. Em vários casos, já lidei com ladrão, estuprador, traficante. Quem agride um animal nunca é uma pessoa normal. Dificilmente um cara que chuta, que mata, dá um bico, um tiro ou estupra um animal não tem antecedentes. Isso é resultado de uma pessoa muito doente e que faz mal pra criança, pra idoso, pra todo mundo.
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Um das possíveis motivações, que já lhe rendeu pelo menos 15 ameaças de morte pelo telefone nesta semana, foi a agressão que ele relata ter sofrido na segunda-feira, praticada por “umas 16 pessoas” – entre elas, o homem que teria chutado um cachorro e provocado sua morte na semana passada. Porém, o vereador diz que vai deixar a conclusão para as investigações.
– Recebi cerca de 15 ou 20 ligações de segunda-feira para cá, todas de ameaça de morte, de que eu não chegaria até domingo. Eu preferia que o ataque fosse tentativa de roubo, mas estou convicto de que foi tentativa de homicídio, porque nada foi levado. Mas eu não posso afirmar nada (sobre a autoria do ataque), só espero que os responsáveis sejam detidos, sejam presos.
Além das ameaças por telefone, somadas às cerca de 200 que ele relata ter recebido pela internet desde segunda-feira, Maroni diz que, durante a semana, percebeu, em vários momentos, que era seguido por uma moto e uma kombi.
– Sempre via essa moto e a kombi com vidro fumê atrás de mim e tentava escapar, justamente para não correr risco. Pode ter sido a mesma moto do dia do ataque. Mas o meu maior medo é com a minha mãe e a minha irmã. E nós cogitamos pedir segurança particular agora – comenta.
O cachorro que estava com o vereador no momento do ataque ainda não foi entregue ao adotante, mas já recebeu o nome de Amuleto.
– Estou até pensando em ficar com ele, porque é mais um símbolo que levarei na minha vida pela luta na causa animal.
O ataque
Maroni dirigia sua Doblò na Estrada São Caetano, bairro Lami, na zona sul de Porto Alegre, para levar um cachorro a um adotante, quando foi perseguido por uma dupla em uma moto. Ele relata ter ouvido mais de 10 disparos, sendo que quatro deles atingiram o veículo.
– Eu notei uma moto me seguindo, eu estava a 40 ou 50 km/h, porque a estrada ali é ruim. Acelerei para tentar passar e estava a uns 70 ou 80 km/h. Andei um pouco e comecei a ouvir uns estampidos, no sétimo ou oitavo tiro, percebi que tinha acertado o carro. Enfiei o pé e numa curva o carro foi pro lado e bateu no mato. Nesse momento eu consegui abrir a porta e me atirei, caí num lodo para escapar deles.
O vereador descreve que, após ter deixado o veículo, ainda ouviu mais tiros.
– Eles atiraram muitas vezes para dentro do carro, com a certeza de que tinham me matado.
Os disparos só teriam cessado quando outro veículo se aproximou da estrada, o que teria espantado a dupla. Maroni relata que, com o cachorro no colo, fugiu para buscar ajuda, que só conseguiu após ligar para um amigo.
Investigação
Conforme o delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, da 4ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, imagens de dois pontos, não muito próximos ao local do ataque, foram coletadas, mas ainda não passaram por análise. Além disso, dois moradores já foram ouvidos.
– Temos oitivas marcadas para segunda e terça-feira. Por enquanto, mantemos a hipótese que deu inicio à investigação, que é tentativa de homicídio, porque não temos outra informação que possa levar para outro caminho.
O delegado relata que a perícia constatou que quatro tiros atingiram o carro e que provavelmente foram desferidos de um revólver calibre 38. No local, não foram encontrados mais projéteis.
– Chama a atenção eles não terem perseguido o vereador na mata, e não dá pra descartar que possa ter sido só um susto. Mas os tiros foram disparados na direção dele, todas as linhas dos disparos são de perigo, que poderiam ter atingido ele.