Em discurso para centenas de pessoas no centro de São Paulo, no início da tarde deste domingo, a presidente Dilma Rousseff confirmou a decisão de reajustar o Bolsa Família em 9% e de corrigir a tabela de imposto de renda da pessoa física em 5% a partir do ano que vem.
Durante o evento promovido pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) para marcar o Dia do Trabalho, Dilma voltou a afirmar que não cometeu crimes, que é vítima de um golpe em curso e que não vai desistir de lutar pelo mandato.
A presidente chegou ao Vale do Anhangabaú por volta das 13h40min e foi ovacionada pelo público, composto basicamente de integrantes de centrais sindicais e de movimentos populares.
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Ao microfone, acusou os adversários de "ferir a Constituição". Disse que "eles" – sem citar o nome do vice-presidente Michel Temer – pretendem restringir o Bolsa Família aos 5% mais pobres, percentual equivalente, segundo ela, a "10 milhões de pessoas".
– Sabem quantas pessoas recebem hoje (dinheiro do programa)? 47 milhões – afirmou, para em seguida complementar:
– 36 milhões que estarão entregues à livre força do mercado para se virar. Estão afetando não é adulto, homem e mulher adulto, quem mais se beneficia hoje são as nossas crianças e adolescentes, que têm assegurado acesso à alimentação, saúde e educação – discursou Dilma.
Em resposta, ouviu gritos de "fica, querida" e "Dilma, guerreira do povo brasileira". O ex-presidente Lula não compareceu ao evento.
– Eles gostam de dizer que o governo acabou. Acho que fazem isso numa tentativa de nos paralisar. Mas não nos paralisam. O governo está fazendo a sua parte. Quero aproveitar o primeiro de maio e dizer que nós estamos autorizando um reajuste no Bolsa Família que vai resultar em um aumento médio de 9% para as famílias. Essa proposta não nasceu hoje. Estava prevista desde que enviamos, em agosto de 2015, o orçamento para o Congresso. Essa proposta foi aprovada pelo Congresso – destacou.
A presidente também confirmou a decisão de corrigir em 5% a tabela do imposto de renda para pessoas físicas a partir de 2017, a criação de um conselho tripartite com empresários, trabalhadores e governo – o Conselho Nacional do Trabalho –, e a ampliação da licença paternidade para funcionários públicos (de cinco para 20 dias) e de convênios com movimentos populares para a construção de 25 mil moradias via programa Minha Casa Minha Vida.
Antes de encerrar a participação no ato, Dilma criticou a oposição por "impedir que o Brasil tivesse combatido a crise econômica e impedido o crescimento do desemprego".
– Eu quero dizer para vocês que eu vou resistir. Eu estou aqui, eu vou resistir e vou lutar até o fim – declarou.
Em seguida, citou mais uma vez a luta contra a ditadura, mas disse que, agora, a luta é "muito mais ampla":
– Eu lutei como vocês a minha vida inteira. É verdade que eu fiquei presa durante três anos. É verdade que eu lutei e resisti à ditadura. A luta agora é uma luta muito mais ampla. É uma luta que nós vamos levar em favor de todas as conquistas democráticas da luta contra a ditadura e de todos os ganhos que nós tivemos nos últimos anos com o governo do presidente Lula e com o meu.
Ao se despedir, afirmou que o projeto dos adversários políticos favoráveis ao impeachment não é "o eleito em 2014" e mandou um recado para o vice-presidente:
– Se querem esse projeto, que vão às urnas em 2018 e se coloquem sob o crivo do povo brasileiro. Da forma como eles querem chegar ao poder, sem voto, numa eleição indireta sobre o disfarce do impeachment não, não passarão.