Na busca por um entendimento com integrantes da cúpula do PSDB, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) sinalizou, nesta quarta-feira, com a possibilidade de enviar ao Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim da reeleição. Uma vez aprovada, ela impediria que o peemedebista concorresse à sucessão presidencial em 2018.
O texto seria encaminhado com um pacote de propostas que o vice pretende apresentar como alternativas para reanimar a economia, caso o impeachment passe no Senado, e a presidente Dilma Rousseff seja afastada. A discussão prévia sobre a PEC ocorreu em encontro com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), realizada na residência do tucano. As conversas ocorreram um dia após o vice se reunir com os líderes do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), e na Câmara, Antônio Imbassahy (BA).
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Além do fim da reeleição, os tucanos têm cobrado de Temer que, caso ele assuma a Presidência, não percorra o país pedindo votos para o PMDB, partido do qual é presidente licenciado, nas eleições municipais de outubro. Integrantes da cúpula do PSDB também têm ressaltado nas conversas com o vice que a discussão sobre a composição do novo governo seja feita de forma institucional. A ideia é evitar que tucanos negociem diretamente com o PMDB, como o senador José Serra (PSDB-SP) tem feito.
– Ele nos disse que tem um conflito compreensível, de que não pode avançar, que tem de respeitar o rito do impeachment no Senado e, ao mesmo tempo, não pode ficar parado – afirmou o senador Cássio Cunha Lima.
– A única coisa que pedimos é que, para ter paz conosco, que faça esse roteiro institucional – acrescentou.
Entre os nomes cotados para o governo Temer está o de Serra, para o Ministério da Educação, e do também senador Aloysio Nunes (SP) para o de Relações Exteriores. Após ouvir as bancadas da Câmara e do Senado, Aécio deve desembarcar nesta quinta-feira em São Paulo para conversar com o governador do Estado, Geraldo Alckmin, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre a agenda que o partido deve defender. Alckmin é hoje o principal foco de resistência à entrada de tucanos na equipe de Temer.
Além do encontro a sós, Temer e Aécio voltaram a se reunir uma segunda vez nesta quarta, na presença do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). As conversas ocorreram na residência oficial do Senado. Apesar de o vice ter evitado declarações à imprensa, Renan fez questão de abrir as portas de casa para que cinegrafistas e fotógrafos registrassem o encontro do trio. Após as conversas, Aécio afirmou que Renan perguntou sobre as intenções do PSDB num futuro governo Temer.
– O que ele busca saber são as intenções do PSDB especificamente em relação ao apoio a essa agenda. Qual é a intenção do PSDB em relação ao governo Michel – disse Aécio.
– Disse a ele de forma muito clara que temos compromisso com o Brasil. Também conversamos sobre a tramitação do processo de impeachment, e ele ficou, a meu ver, feliz com a indicação e aprovação do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) como relator do processo na Comissão Especial – completou.