Acabou sem acordo a reunião da cúpula da comissão especial do impeachment com líderes partidários sobre o rito de votação do parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO). Caberá ao presidente do colegiado, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), decidir se haverá sessões de debate de madrugada, se estendendo para o sábado e o domingo. O relatório precisa ser votado até segunda-feira.
A oposição defende que a sessão de debates, que terá início na sexta-feira à tarde, continue até se esgotar o número de parlamentares inscritos. Mais de 100 deputados, entre membros e não membros da comissão, se inscreveram. Titulares e suplentes podem discursar por 15 minutos e não 10.
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– Nada impede que se trabalhe de sábado e até eventualmente domingo, até porque a situação do Brasil é de excepcionalidade – pregou o líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA).
Os líderes deixaram o encontro com Rosso sem chegar a um consenso. O líder do PT, Afonso Florence (BA), afirmou que o regimento determina dias regulares e que a atipicidade de uma sessão no fim de semana joga para a "desestabilização".
– Não há necessidade e justificativa regimental para entrar no sábado e no domingo – argumentou.
O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), disse que sessões no fim de semana servem para criar "factoides" e disse que a normalidade das sessões em dias úteis deve prevalecer.
– O que está em debate é a sensatez – comentou.
O petista afirmou que ainda não há plano de recurso ao Supremo Tribunal Federal.
– Se houver flagrante ilegalidade, vamos recorrer, mas não é a nossa intenção – declarou.
Rosso deixou o encontro pela porta dos fundos, sem falar com os jornalistas.
Relatório
Florence classificou o parecer de Jovair como fraco por não provar que houve crime de responsabilidade contra Dilma.
– Consideramos que é um parecer muito frágil do ponto de vista jurídico – afirmou.
Ele disse que a base aliada ainda trabalha com a possibilidade de derrotar o relatório na comissão e se demonstrou confiante de que a oposição não conseguirá obter 342 votos no plenário para afastar Dilma.
– Esperamos ganhar na comissão. Se não ganhar, será apertado – comentou.
Enquanto a oposição se diz satisfeita com o parecer de Jovair, o líder do PSOL disse que o voto do relator tem pouco foco nas "pedaladas fiscais" e pouca "materialidade" de crime cometido pela presidente.
– Pedalada fiscal não cassa presidente. Se cassar, tem de cassar vice-presidente também – afirmou.
Imbassahy disse que o relatório dá conforto para quem votará a favor do impeachment.
– É um relatório bem formulado e cuidadoso – opinou.
*Estadão Conteúdo