Apesar de já ter feito mais de 14 mil conferências em mais de 2 mil cidades do Brasil e em 68 países dos cinco continentes, o médium e escritor Divaldo Pereira Franco não deixa de atender ao chamado dos velhos amigos gaúchos, em especial aos dos seguidores de Santa Maria. Ele esteve nesta quarta-feira em Santa Maria, no Ginásio Poliesportivo do Clube Dores, onde palestrou e levou uma mensagem de amor, solidariedade e esperança há centenas de pessoas.
A realização do evento foi da União Municipal Espírita de Santa Maria, que calcula que esta foi a 80ª visita do líder espírita à Cidade Cultura. Sempre engajados com o cunho social, o evento foi aberto ao público, gratuito, e angariou alimentos não perecíveis e litros de leite, que serão doados a instituições locais.
De acordo com a entidade,a ligação de Divaldo com Santa Maria é antiga e muito forte, em especial, nas visitas realizadas após a tragédia da boate Kiss, em 2013. Naquele ano, o médium reuniu cerca de 5 mil pessoas no Largo da Viação Férrea de Santa Maria.
O médium aproveitou sua passagem pelo sul do país, onde realizou, nos últimos dias, palestras nas cidades de Blumenau, Florianópolis e Santa Cruz do Sul, para retornar a Santa Maria. Em entrevista ao "Diário", ele falou sobre as vibrações, mudanças e energias do país em relação à atual crise política e econômica, sobre os protestos, intolerância e preconceitos e sobre as vibrações que encontrou nesta nova visita a Santa Maria. Confira:
Santa Maria em 2013 e atualmente:
"Naquela época, estavam muito densas as vibrações de angústia e de sofrimento. Na atualidade, essas vibrações estão diluídas. Embora não tenham desaparecido totalmente, ainda existe como que uma sombra suave que paira sobre as consciências (...), apesar do carinho das famílias, das orações..."
Como encarar essas vibrações
"Para auxiliar esses espíritos, as pessoas devem continuar envolvendo-os em ternura e não considerar o episódio como um castigo divino, mas, sim, como um acontecimento para nos despertar para uma realidade da transcendência da vida. Muitas vezes, aquilo que parece uma desgraça, na verdade, é só uma advertência para que nos envolvamos em questões mais profundas da nossa realidade. E a morte, pelo fato de ser irreversível, constitui um convite ao indivíduo a pensar em si próprio. E, graças a isso, tornar-se melhor. Primeiro, pelo amor à pessoa que desencarnou e, depois, pensando em si próprio. E pela expectativa do reencontro."
Tragédia serviu como exemplo
"Santa Maria voltou a ter aquela confiança anterior para tranquilizar aos que residem fora e mandam seus filhos para estudar aqui. Isso graças às declarações de muitos pais, que aceitaram com elevada resignação o ocorrido. E, também, ao movimento da Justiça, que mudou, inclusive, a aplicação da lei de preservação dos espaços e, hoje, exige os cuidados convenientes para evacuação em hora de emergência. Hoje, Santa Maria não é apenas lembrada pela tragédia, mas é um núcleo de educação, de formação de caráter, e o fato serviu como alerta de segurança para o país inteiro, evitando novas tragédias."
Confira, abaixo, um trecho da entrevista de Divaldo Pereira Franco:
A crise no Brasil
"A sociedade cresce através de fenômenos culturais denominados crises. Não se pode mudar de uma situação histórica para outra sem que se atravesse qualquer tipo de crise. Refiro-me à crise de valores antigos, castradores, inibidores e, ao mesmo tempo, de construções menos dignas. É uma necessidade de renovação. É como a velha tradição do cesto de maças. A crise é o momento em que se penetra nesse contexto para tirar a maça podre para evitar o contágio das demais. Então, é um momento doloroso."
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Manifestações nas ruas
"Mesmo que o movimento das massas não seja triunfante, nós adquirimos o direito de protestar. Toda vez que nós protestamos, adquirimos cidadania. Desde que nosso protesto seja justo e não sirva de trampolim para determinadas posturas depreciativas, de apedrejamento, de agressividade e destruição. O grito de liberdade é um direito do cidadão. Então, eu recordaria Castro Alves: "A praça é do povo, como o céu é das aves". Cabe a cada um de nós a tarefa de contribuir em favor de um país livre de quaisquer teias de submissões a nações poderosas ou à submissão a indivíduos arbitrários que são protegidos por essas nações poderosas.