O procurador Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa da Operação Lava-Jato, afirmou nesta sexta-feira que a investigação quer saber por que o empresário Ronan Maria Pinto, de Santo André (SP), recebeu parte do empréstimo de R$ 12 milhões concedido pelo Banco Schahin ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
– Ele era o destinatário final. A investigação concluiu até o presente momento que metade desses R$ 12 milhões, ou seja, R$ 6 milhões, um pouco menos, R$ 5,7 milhões, R$ 300 mil foram comissões para pessoas que participaram da operacionalização dos valores, teve o senhor Ronan Maria Pinto como destinatário final. A razão pela qual ele recebeu esses valores é a grande pergunta que a investigação pretende responder – afirmou.
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Conforme o jornal O Estado de S. Paulo revelou em 2012, o operador do mensalão Marcos Valério afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal que o PT teria pedido a ele que providenciasse R$ 6 milhões para destinar a Ronan Maria Pinto.
Segundo Valério, o empresário estaria chantageando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o então secretário da Presidência Gilberto Carvalho e o ex-ministro José Dirceu. Ele teria informações comprometedoras a revelar sobre a morte de Celso Daniel.
Ronan Maria Pinto foi preso temporariamente por cinco dias. O empresário será levado para Curitiba, base da Lava-Jato.
– A princípio, ele não era um marqueteiro de campanha que justificaria o repasse de valores para pagar dívidas de campanha, como seriam o senhor Armando Peralta e Giovani Favieri que, de acordo com o depoimento do senhor José Carlos Bumlai, receberam a outra metade dos R$ 12 milhões para pagar dívida de campanha do prefeito de Campinas na época – afirmou Castor de Mattos.
O procurador revelou que o dinheiro recebido por Ronan Maria Pinto foi usado para comprar o Diário do Grande ABC. O empresário teria 20% das cotas do jornal e teria comprado 40% se tornando acionista majoritário.
Defesa
"Há meses reafirmamos que o empresário Ronan Maria Pinto sempre esteve à disposição das autoridades de forma a esclarecer com total tranquilidade e isenção as dúvidas e as investigações do âmbito da Operação Lava-Jato, assim como a citação indevida de seu nome. Inclusive ampla e abertamente oferecendo-se de forma espontânea para prestar as informações que necessitassem", disse em nota a defesa de Ronan.
"Mais uma vez o empresário reafirmará não ter relação com os fatos mencionados e estar sendo vítima de uma situação que com certeza agora poderá ser esclarecida de uma vez por todas."
"Solicitamos à imprensa atenção a essa nota e mais seriedade e sobriedade na apresentação do empresário, assim como nas informações e afirmações que vêm sendo feitas e divulgadas. Todas as denúncias que o envolveram ao longo dos anos foram ou estão sendo investigadas e Ronan Maria Pinto vem sendo defendido e absolvido. A mais recente, uma sentença de primeira instância, onde houve condenação, encontra-se em grau de recurso", conclui a defesa.
Em infográfico, entenda o funcionamento do esquema de corrupção desvendado pela Operação Lava-Jato: