A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o indiciamento da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e do ex-ministro Paulo Bernardo, seu marido, por suspeita de terem recebido R$ 1 milhão no esquema de corrupção da Petrobras.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a PF se baseia, entre outros pontos da investigação, nas informações prestadas por Antonio Carlos Fioravante Pieruccini, investigado pela Operação Lava-Jato e que firmou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
Em depoimentos, ele contou que fez quatro entregas de dinheiro a Ernesto Kougler Rodrigues, empresário ligado ao PT do Paraná, Estado de Gleisi e Bernardo.
Os repasses, segundo ele, foram feitos entre agosto e outubro de 2010, em diferentes endereços de Curitiba e São Paulo. A PF foi aos locais apontados pelo delator e confirmou que eram residências de Ernesto Rodrigues ou empresas das quais ele era sócio.
Leia mais:
Odebrecht abasteceu contas no Exterior para pagar propinas ao PP, diz Janot
"Onda de ódio não pode continuar", diz ministro da Justiça
STF mantém decisão que tirou de Moro investigação sobre Lula
As informações passadas por Antonio Carlos Pieruccini aos investigadores reforçam as versões apresentadas por outros dois delatores, Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
Em depoimento ao Ministério Público Federal, o doleiro afirmou que deu R$ 1 milhão à campanha de Gleisi Hoffmann em 2010.
Segundo o doleiro, o montante foi entregue em quatro parcelas, em espécie, ao dono do shopping Total de Curitiba, Michel Gelhorn. Três das parcelas foram entregues no próprio shopping, de acordo com Youssef.
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa já havia citado em sua delação que a campanha de Gleisi recebera R$ 1 milhão, a pedido do então ministro Paulo Bernardo.
O pedido da PF será analisado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, que vai pedir à Procuradoria-Geral da República um parecer sobre o caso.
Gleisi foi também chefe da Casa Civil no governo da presidente Dilma Rousseff entre junho de 2011 – quando Antonio Palocci deixou o cargo – e fevereiro de 2014, deixando o cargo para concorrer ao governo do Paraná. Ela ficou em 3º lugar na disputa.
Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo negaram a participação em qualquer ato ilícito. Em nota oficial, os petistas argumentam que "todas as provas que constam no inquérito comprovam que não houve solicitação, entrega ou recebimento de nenhum valor" por parte deles.
O casal sustenta que são "inúmeras as contradições" nos depoimentos dos delatores. "Um deles apresentou, nada mais, nada menos, do que cinco versões diferentes para esses fatos, o que comprova ainda mais que eles não existiram", informa o comunicado.
* Com agências