O presidente russo Vladimir Putin rejeitou nesta quinta-feira que existam "elementos de corrupção" entre as pessoas de seu círculo mais próximo citadas no caso Panama Papers, que revela o nome de personalidades de todo o mundo que têm sociedades em paraísos fiscais.
- Que elementos de corrupção? Não há nenhum - afirmou Putin.
O presidente russo acusa os Estados Unidos de estarem por trás do vazamento de milhões de documentos da firma de advocacia panamenha Mossack Fonseca.
Leia mais
França e EUA pedem mais transparência em paraísos fiscais
Mossack Fonseca afirma que foi "hackeado" no Panama Papers
Quase 30% das offshores do Mossack Fonseca foram criadas na China e em Hong Kong
Segundo os documentos, o violoncelista Sergei Rolduguin, amigo e padrinho de uma das filhas de Putin, está no centro de uma rede de empresas de fachada formada por pessoas próximas ao presidente russo, conforme revelou o jornal independente Novaia Gazeta.
Citando os 11,5 milhões de documentos divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), o Novaia Gazeta afirma ter descoberto as disposições financeiras que permitiram que pessoas próximas ao presidente russo escondessem até U$S 2 bilhões em paraísos fiscais.
Amigo de infância de Vladimir Putin, Sergei Rolduguin, 64 anos, violoncelista no teatro Mariinsky, aparece como o testa de ferro nessa rede de empresas de fachada operadas pelo escritório Mossack Fonseca.
Serguei Rolduguin é apontado como proprietário das companhias Sonnette Overseas Inc. (SOI) e International Media Overseas (IMO), que adquiriram importantes setores da economia russa através de outras empresas offshore, em uma estrutura semelhante à de um jogo de bonecas russas, segundo Novaia Gazeta.
Como Serguei Rolduguin, a maioria dos russos envolvidos na trama é formada por amigos de Putin. Rolduguin conheceu o presidente russo em 1977, e, "desde então, nunca se separaram", conforme relatou em uma biografia de Vladimir Putin publicada em 2000.
No dia seguinte à revelação dos documentos, o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, acusou ex-agentes da CIA e do Departamento de Estado americano de estarem por trás do vazamento dos papéis do Panamá e acrescentou que "o principal alvo desses ataques é nosso país, nosso presidente".
* AFP