Shana Claudio saiu do bar em Manhattan rumo ao seu terceiro encontro do dia, todos arranjados através do Tinder: no mês de outubro de 2013, ela já havia conhecido um sujeito que trabalhava com finanças no brunch de domingo (ele era um pouco superficial), e achou que o segundo cara, com quem tomou um drinque, não tinha nada de especial.
No começo da noite, Shana, que trabalha com comunicação corporativa, havia programado outro encontro em um bar nas proximidades, com um rapaz chamado Ken. Ele era Ken Andrews, um cirurgião de 33 anos em seu quarto ano de residência médica na Universidade de Nova York, que achou Shana "totalmente maravilhosa".
Após três horas de conversa, Andrews a levou para casa, dando-lhe um beijo rápido na porta de seu apartamento. – Não queria que subisse mesmo, e ele nem tentou – não é por isso que eu estou no Tinder, disse Shana, agora com 33 anos. Eles saíram novamente e acabaram ficando noivos 10 meses mais tarde. Hoje, ela é a Sra. Andrews.
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Sim, eles tiveram sorte e encontraram sua cara-metade – quase sem muitos encontros desastrosos, embora o Tinder, aplicativo de namoro onipresente, tenha sido considerado por alguns observadores como nada mais que um veículo para promover encontros rápidos e fáceis.
Em um artigo de 2015 para a Vanity Fair, Nancy Jo Sales disse que o Tinder é responsável por um "apocalipse do namoro" e que vários rapazes de 20 e poucos anos em Nova York admitiram usá-lo para encontrar mulheres que transassem com eles. Chamam suas conquistas de "Tinderellas" e se orgulham de levar mulheres para a cama depois de algumas poucas trocas de mensagens.
O artigo desencadeou um rebuliço no Twitter. O Tinder se defendeu – em um momento, tuitando 30 respostas em poucos minutos –, reconhecendo que alguns usuários só querem um encontro passageiro, mas dizendo que a grande maioria procura relações significativas.
Os usuários podem arrastar a tela para a direita se acham alguém atraente, ou, caso contrário, para a esquerda. E, se a pessoa que foi tida como atraente aprovar, então, a dupla pode começar a trocar mensagens e talvez se conhecer pessoalmente.
Os perfis não são detalhados: os usuários só veem uma foto, uma frase curta, a profissão e talvez a universidade frequentada pelo outro. É por isso que o aplicativo é às vezes chamado de superficial, pois você praticamente julga alguém com base em uma foto.
Mas, apesar dos críticos, o Tinder domina a cena de namoros em todos os EUA, de Miami a Manhattan, graças à facilidade de uso. Você se registra, arrasta algumas telas e talvez consiga um encontro.
E o que pode surpreender alguns cínicos é que o Tinder também já encontrou cônjuges para vários usuários, incluindo alguns que se destacaram na seção de Declarações do New York Times.
– Três anos atrás, o Tinder era considerado um aplicativo de encontros. Agora as pessoas o usam porque é eficiente e simples e parece que todo mundo está lá, disse Julie Spira, orientadora de relacionamentos on-line e por dispositivos móveis de Los Angeles que aconselha seus clientes a se inscreverem em três sites se realmente querem encontrar alguém.
Devido à reputação duvidosa do aplicativo, alguns casais não revelam a amigos e familiares como se conheceram. Shana Andrews admite que ela e o marido disseram a todos que se conheceram em um bar. – Achávamos que ninguém nos levaria a sério, disse ela.
Mesmo assim, o Tinder se tornou tão popular que alguns casais estão deixando de lado a vergonha associada aos encontros que acontecem através dele. Muitos mencionam o aplicativo com orgulho em seu noivado ou casamento. Um porta-voz do Tinder disse que a empresa recebeu convites de casamento via e-mail e correio normal e que Sean Rad, o executivo-chefe, e outros membros da equipe frequentemente são convidados.
Um casal ficou noivo usando mensagens do Tinder. Rachael Honowitz, 35 anos, morava há 12 anos em Manhattan e trabalhava organizando eventos para a revista People quando decidiu se mudar para Los Angeles, em 2014. Ela tinha a esperança de que os homens na Costa Oeste não fossem tão evasivos quanto os de Nova York.
Conheceu seu marido, Jason Cosgrove, um executivo de mídia digital que já estava ficando cansado de namoros on-line, pelo Tinder, um mês e meio depois.
– Eu estava conversando com uns dez caras na época. Cheguei até a falar com um dos melhores amigos dele, o que mais tarde foi um pouco estranho, disse Rachael, que agora tem uma empresa que fornece lembrancinhas para premiações e celebridades.
Cosgrove e Rachael foram a um restaurante japonês no primeiro encontro. O santo bateu. – Você só sabe que vai funcionar depois de um encontro. E funcionou, disse ela.
Cosgrove, 38 anos, decidiu fazer o pedido de casamento usando mensagens do Tinder quando ele e Rachael estavam sentados em um banco no Central Park, durante uma viagem a Nova York. Quando teve dificuldades técnicas com o aplicativo (não conseguiam mostrar que estavam juntos por causa da diferença de cidades), enviou uma "mensagem do Tinder" através de texto, que dizia o seguinte: "Aqui estamos. De volta ao lugar onde tudo começou – um pequeno aplicativo no seu celular. Mas as coisas mudaram um pouco desde que nos conhecemos aqui. Acho que depois de dizer algumas coisas legais para uma garota no Tinder, teria que convidá-la para sair, mas, em vez disso, tenho outra pergunta".
Rachael largou o celular; Cosgrove se ajoelhou e a pediu em casamento.
– A princípio ficava com vergonha por causa do jeito que nos conhecemos, não contava para ninguém, mas agora vejo isso como um dever; quero que as pessoas saibam. Não há motivo para ter vergonha. Sou uma mulher inteligente, educada e que tem uma grande família. Jason também, disse Rachael, que permitiu que o Tinder postasse sua história de amor na seção "Histórias de Sucesso" do site.
– E vamos ter um bebê-tinder, anunciou Cosgrove orgulhosamente.