Enquanto a oposição alega que o resultado da votação da comissão especial que aprovou o parecer favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff mostrou a fragilidade da defesa do governo, deputados da base aliada acreditam em vitória no plenário da Câmara. Para o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), a Dilma cometeu crime de responsabilidade e, por isso, terá a admissibilidade de seu processo de afastamento aprovado.
– O resultado demonstra a fragilidade da defesa. Por maiores que tenham sido os esforços dos que a defenderam, é impossível defender o indefensável – afirmou.
Leia mais
Saiba como votaram os 65 deputados da comissão especial do impeachment
Comissão aprova parecer favorável à abertura do processo de impeachment
Temer diz que vazamento de gravação foi "equívoco"
O senador também pediu serenidade de todas as partes envolvidas neste momento que classificou como "difícil para o país".
– É preciso serenidade para enfrentarmos e superarmos este momento difícil. Mas estou seguro de que sairemos mais fortes desse processo graças à força de nossas instituições e da democracia – afirmou.
Já a base governista na Câmara avalia que se a proporção de votos na comissão se repetir no plenário da Casa, a denúncia contra Dilma será arquivada.
– Essa proporção não dá impeachment. Não significa que está garantido (o arquivamento da denúncia) mas eles (oposição) estão, eu diria, exagerando na comemoração – disse o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Por uma diferença de 11 votos, a comissão especial do impeachment aprovou o parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) pelo prosseguimento da denúncia contra Dilma. Pelo placar 38 a 27, 58,46% dos titulares da comissão votaram pela abertura de impeachment. Para que o processo de afastamento seja aprovado no plenário da Câmara são necessários votos favoráveis de 66,6% dos 513 deputados.
– É claro que perdemos, óbvio. O que estou fazendo referência é que essa proporcionalidade não garante o impeachment. E a comissão foi uma indicação absolutamente controlada (dos líderes), diferentemente do que é o plenário e, mesmo assim, tivemos votos contra o impeachment – acrescentou Chinaglia.
Para o líder do Psol, Ivan Valente (SP), a oposição saiu frustrada da votação, apesar da vitória.
– Eles criaram uma expectativa muito alta, para mais de 40 votos, e não atingiram. É um resultado que, proporcionalmente, não materializa o impeachment no plenário – disse.
Segundo o deputado, dois fatores principais influenciaram a votação na comissão: a pesquisa DataFolha divulgada no último sábado, que mostra que a maioria dos entrevistados é favorável tanto ao impeachment de Dilma como do vice-presidente da República, Michel Temer; e o vazamento do áudio em que Temer apresenta propostas que pretende discutir, caso assuma o governo, mesmo antes da votação do impeachment.
– Acho que foi um desgaste muito grande para as propostas de impeachment. Vai haver muita luta ainda – disse Valente.
O petista José Mentor (SP) também reforçou a tese de que a repetição proporcional do placar da comissão no plenário não garante a admissibilidade do processo.
– Essa é uma sinalização. As pessoas estão vendo, estão conversando, (mas no plenário) a relação é outra. Eles não fizeram a conta ainda – disse Mentor em relação à comemoração dos parlamentares oposicionistas.
*Zero Hora com agências