Os brasileiros que acompanham política amanheceram nesta sexta-feira como se estivessem em 2005, ano em que estourou o escândalo do mensalão. Os nomes de Delúbio Soares, Silvio Pereira e Marcos Valério – que estiveram no noticiário até 2012, ano do julgamento do caso no Supremo Tribunal Federal – voltaram aos holofotes por conta da nova fase da Operação Lava-Jato, batizada de Carbono 14. E essa etapa da investigação resgata ainda um crime anterior, o assassinato de Celso Daniel, ocorrido em 2002.
Abaixo, relembre quem são os personagens e os fatos em que estão envolvidos.
DELÚBIO SOARES
2005 – Antes de o mensalão terminar com condenados na cadeia, o ex-tesoureiro do PT cunhou uma das frases mais emblemáticas do escândalo. Minimizando a denúncia, disse que o episódio viraria piada de salão. A profecia não se realizou. Delúbio chegou a ser expulso do partido, voltou após ameaçar os colegas e recebeu pena de seis anos de prisão no regime semiaberto.
2016 – Afastado da direção partidária e recentemente perdoado pela Justiça (preso em novembro de 2013, cumpria prisão domiciliar desde setembro de 2014 e está livre desde o mês passado), Delúbio volta aos holofotes por meio da Lava-Jato. É suspeito de ter representado os interesses do PT nas negociações de um empréstimo do Banco Schahin a José Carlos Bumlai em outubro de 2004.
SILVIO PEREIRA
2005 – Secretário-geral do PT, teve um papel secundário no escândalo do mensalão – tanto que, em 2008, fechou um acordo de transação penal (usado em crimes de menor potencial ofensivo) reconhecendo a culpa e aceitando prestar serviços comunitários em vez de enfrentar uma ação judicial. Ficou conhecido por ter ganho de presente uma Land Rover de uma empresa que fechou contrato com a Petrobras.
2016 – Nos últimos anos, afastado da política, tocava dois negócios, um restaurante em Osasco (SP) e uma empresa de eventos. Depois de ser citado por um delator da Lava-Jato no fim do ano passado, voltou a submergir e se afastou dos empreendimentos. Agora, é suspeito de receber mesada de empreiteiras para manter-se em silêncio e de ter arquitetado a operação que garantiu o repasse ao empresário Ronan Maria Pinto.
MARCOS VALÉRIO
2005 – Foi um dos principais personagens do mensalão, reconhecido nacionalmente pela careca. O dinheiro que abasteceu aliados do governo Lula no Congresso passou por suas duas agências de publicidade por meio de contratos de serviço fraudados e de empréstimos bancários. Considerado o operador do esquema, recebeu a maior punição entre todos os réus do escândalo: 37 anos de prisão em regime fechado.
2016 – Preso desde 2013, cumpre pena em prisão de Contagem (MG). Agora, é acusado de ter usado uma empresa para intermediar repasse ao empresário Ronan Maria Pinto. Em 2012, quando tentou acordo de delação premiada, Valério contou que Silvio Pereira pediu sua ajuda em 2004 porque Lula e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho estavam sendo chantageados por Ronan.
CELSO DANIEL
2005 – Em ascensão no PT, o prefeito estava em segundo mandato em Santo André (SP) quando foi convidado para coordenar a campanha de Lula de 2002. No início daquele ano, foi sequestrado e morto ao sair de um restaurante. As circunstâncias do caso sempre foram misteriosas. Em 2005, foi encontrado morto o legista que atestou que Celso Daniel havia sido torturado. Foi a sétima pessoa relacionada ao caso morta a tiros.
2016 – Ainda há dúvidas sobre o assassinato de Celso Daniel: sequestro seguido de morte ou crime político em torno de esquema de propina envolvendo o PT em Santo André? Com a Lava-Jato, o caso volta à tona. A suspeita é de que Ronan Maria Pinto, dono de uma empresa de ônibus em Santo André e suposto integrante de esquema de corrupção na prefeitura, teria cobrado R$ 6 milhões para não incriminar petistas.