O ex-ministro Eliseu Padilha, um dos peemedebistas mais próximos ao vice-presidente Michel Temer, afirmou nesta quarta-feira que a proposta de realização de eleições gerais em outubro, idealizada inicialmente pelo senador Valdir Raupp (PMDB), é "absolutamente impossível". Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, Padilha comentou que o tema não foi discutido com Temer, conforme chegou a ser anunciado pelo próprio Raupp. As informações são da Rádio Gaúcha.
– A gente sabe que o objetivo não é esse. E infelizmente até companheiros nossos, vinculados ao PMDB, falaram sobre isso. É absolutamente impossível. Não tem nenhum fundamento, sob ponto de vista prático, sob o ponto de vista idealista político, e não tem nenhum fundamento legal – disse.
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O ex-ministro ressaltou que a realização de novas eleições exigiria alteração da Constituição em poucos dias. Também lembrou que novas campanhas não poderão contar com financiamento privado, segundo entendimento do STF.
Ouça a entrevista do ex-ministro Eliseu Padilha:
Além de ser defendida por Raupp, a ideia de antecipar as eleições foi endossada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, que também é do PMDB. Calheiros declarou que recebia a ideia "com bons olhos".
A ex-ministra Marina Silva, primeira colocada em pesquisas atuais de intenção de voto, também apoiou a proposta. A Rede chegou a lançar a campanha "Nem Dilma, nem Temer. Nova eleição é a solução".
Impeachment
Padilha também comentou sobre o andamento do processo de impeachment contra a presidente no Congresso Nacional. Ele discorda da avaliação de que o governo já tem votos suficientes para garantir o mandato da presidente e arquivar o processo de impeachment.
– Quem disser que tem garantido que vai aprovar ou não vai aprovar (o impeachment) tem muito de desejo e pouco de cientificismo – avaliou.
O ex-ministro comparou o processo a uma prova de resistência, na qual o cenário pode ser modificado até o último minuto. Sobre um eventual afastamento da presidente, Padilha mencionou que tem ciência de que haverá dificuldades para governar o país.
– O pau que bate em Chico é o mesmo que bate em Francisco. Se haverá dificuldade para A, também haverá para b. A única diferença é que normalmente o novo inspira esperança do que virá para frente. Ninguém pense que haverá facilidade, seja para a presidente Dilma continuar, ou para começar um governo com Michel Temer – analisou.