Um procurador federal argentino aceitou, nesta quinta-feira, a abertura de uma investigação sobre a participação do presidente Mauricio Macri em duas sociedades offshore, uma delas revelada na investigação mundial denominada Panama Papers, segundo um documento judicial.
O procurador Federico Delgado pediu ao juiz Sebastián Casanello que sejam solicitadas informações à autoridade fiscal argentina (AFIP) e um parecer do órgão anticorrupção, entre outras fontes, para determinar se Macri omitiu "maliciosamente" sua declaração de bens.
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A investigação busca esclarecer a situação do presidente argentino, que figura como diretor na empresa Fleg Trading Ltd. inscrita nas Bahamas, segundo os Panama Papers, e na Kagemusha SA, da qual Macri seria vice-presidente, segundo seu registro no Panamá. Essa última firma ainda está em funcionamento, segundo um documento da procuradoria ao qual a AFP teve acesso.
A primeira sociedade foi registrada nas Bahamas em 1998 pelo pai do mandatário, Franco Macri, dono de um importante conglomerado de empresas na Argentina, para fazer um empreendimento no Brasil que não prosperou e que segundo explicou Franco Macri esta semana, "nunca esteve ativa", motivo pelo qual foi fechada em 2008.
Delgado decidiu abrir a investigação após denúncia apresentada nessa quarta-feira pelo deputado do opositor Frente para la Victoria, Norman Darío Martínez.
Em sua denúncia, o procurador pede que o presidente responda se "conheceu, colaborou, decidiu ou aprovou manobras de lavagem de dinheiro ou evasão de impostos na Argentina, no Brasil ou em outro país, e se o motivo da criação dessas sociedades nas Bahamas foi ocultar essas manobras planejadas".
O legislador também pediu na justiça que se investigue um homem próximo ao presidente, Néstor Grindetti, atual prefeito de Lanús (periferia sul de Buenos Aires), que movimentou uma sociedade no Panamá e uma conta bancária na Suíça entre 2010 e 2013, quando era secretário da Fazenda da prefeitura de Buenos Aires durante o mandato do atual presidente Macri (2007-2015).
Eleito em novembro de 2015, após prometer uma gestão exemplar, o presidente de centro-direita tem tido sua imagem atingida pelas revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos que sacodem seu governo desde o domingo passado.
Macri nega tudo e argumenta que as empresas offshore pertenciam ao Grupo Macri, dirigido por seu pai Franco.
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*AFP