O discurso proferido pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) ao expressar seu voto na Sessão da Câmara dos Deputados que aprovou o pedido do impeachment da presidente Dilma Rousseff no último domingo, tem dividido opiniões nas redes sociais. Junto às críticas a ele, uma campanha que incentiva denúncias no Ministério Público Federal contra o parlamentar está ganhando força. Até a tarde desta terça-feira, 9.714 manifestações já tinham sido registradas na Sala de Atendimento ao Cidadão.
De acordo com a Secretaria de Comunicação Social do Governo, que contabilizou as denúncias, a maior parte das queixas vem do Distrito Federal onde já são mais de oito mil registros.
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O intuito da campanha é que as denúncias sejam feitas como forma de pressionar o MPF para a abertura de uma ação penal contra Bolsonaro por apologia à tortura. A principal motivação é o fato de o deputado ter dedicado o seu voto favorável ao afastamento de Dilma ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o Doi-Codi – órgão de repressão do Exército durante a ditadura militar.
Ustra é acusado de torturar diversas pessoas, incluindo a presidente Dilma Rousseff. Apesar dos inúmeros relatos de ex-presos e até de ex-agentes, o ele sempre negou todas as acusações, inclusive em maio de 2013, na Comissão Nacional da Verdade. No entanto, em entrevista concedida a Zero Hora, em sua casa, em março de 2014, ele admitiu, pela primeira vez publicamente, a possibilidade de "excessos.
À Agência Brasil, o Partido Social Cristão (PSC), do qual Bolsonaro é afiliado, garantiu que os ainda não se reuniu para discutir a declaração do parlamentar exaltando o coronel. No entanto, funcionários do PSC explicaram que a legenda é democrática e "costuma conceder aos deputados muita liberdade de expressão, mas não necessariamente endossa as opiniões".
Mesmo saber das denúncias, em entrevista a Rádio Gaúcha nesta segunda-feira, Bolsonaro se defendeu das críticas,alegando que são feitas pelo "pessoal que vive do lado da esquerda" e por quem venera o ex-presidente cubano Fidel Castro. Ele também comentou o episódio em que foi atingido por uma cusparada pelo colega Jean Wyllys (PSOL-RJ), que votou contra o impeachment da presidente.
– Elogiei o Ustra. Ele é um herói brasileiro – declarou Bolsonaro.
Durante entrevista coletiva concedida a jornalistas estrangeiros na tarde desta terça-feira, a presidente Dilma Rousseff comentou o voto de Bolsonaro.
– É terrível ver alguém votando em homenagem ao maior torturador que esse país já conheceu – criticou.
* Diário Gaúcho