Santa Maria tem, atualmente, 87 mulheres no Presídio Regional. Quase a totalidade das presas têm filhos, e mais de um. Apenas duas não são mães. Do total, entre 40 e 50 cumprem pena no regime fechado ou prisões provisórias. Sem poder sair da cadeia, elas dependem que algum familiar leve as crianças até elas na casa prisional. Mas, dificuldades financeiras e de locomoção impedem muitas famílias de proporcionar esses encontros.
Pensando nisso, a Polícia Federal (PF), a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) estão organizando um dia de atividades de lazer e de interação entre 10 detentas _ oito do regime fechado e duas provisórias _ e seus filhos, 17 crianças com idades entre dois e 12 anos. Será na sexta-feira.
A partir da ideia inicial, o delegado Getúlio de Vargas, chefe da Delegacia da PF, buscou parceiros. A Vara de Execuções Criminais (VEC) aderiu à proposta, permitiu a saída temporária das presas e destinou recursos decorrentes do pagamento de valores estipulados em sentenças. A UFSM também se uniu à iniciativa. Um grupo de alunos do Curso de Artes Cênicas coordenará a recreação. Alunos e professores da Odontologia farão higienização bucal das crianças. A Susepe fará o transporte das presas, cederá profissionais de psicologia e assistência social e atuará na segurança. Para isso, terá o apoio da Brigada Militar. Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Vigillare, Exército e Receita Federal também são apoiadores.
As ações ocorrerão entre às 9h e às 16h30min no centro de convivência da Polícia Federal na cidade (o endereço não é divulgado por segurança).
Renata Domingues Cauduro, psicóloga da Susepe, explica que a seleção das presas teve como principal critério o grau de dificuldade que algumas têm em ver os filhos:
_ O critério prioritário foi o de restabelecer vínculos. Nem todas as famílias podem trazer as crianças, até por questões financeiras.
Além da falta de dinheiro, segundo a psicóloga, também são frequentes casos em que as visitas inicialmente ocorrem todas as semanas e, com o passar do tempo, vão espaçando até cessarem.
Uma das detentas que participará das atividades, tem 32 anos e seis filhos. Na sexta, ela poderá reencontrar os pequenos de 4, 8 e 11 os quais não vê há cerca de um ano.