Centenas de estudantes reuniram-se, no final da tarde deste sábado, no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, para protestar contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O número de manifestantes não foi informado pela Polícia Militar.
O ato foi convocado pela internet. Um dos organizadores é Rafael Reiter, que disse não pertencer a nenhum partido ou movimento social.
– Participo de um grupo de universitários, apartidário, nada registrado, onde temos um projeto chamado Plantando Arte. Temos o intuito de fazer conscientização. Nós nos reunimos e montamos o evento e começamos a chamar todo mundo – disse ele.
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De acordo com Reiter, a intenção dos manifestantes é permanecer neste sábado no Vale do Anhangabaú, sem fazer caminhada. Ele disse que o ato não se encerra hoje e que outras manifestações devem ser marcadas nos próximos dias, principalmente no dia da votação do processo da admissibilidade do processo no Senado.
Os estudantes dançam e cantam "Não vou deixar o golpe acontecer de novo, não" e "não vai ter golpe". Muitos deles desenharam faixas pretas no rosto, que, segundo Reiter, simbilizam o "luto pela atual situação do país". Um deles fantasiou-se de Dilma Rousseff, carregando a faixa presidencial. "Eu vou apoiar a Dilma. Calma, calma, burguesia", cantaram eles, em ritmo de marchinhas. Em um momento do ato, eles se deram as mãos, em um círculo, para cantar músicas de apoio à presidenta.
No ato, eles criticam também o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem chamam de "ladrão" e "ditador". "Fora Cunha", gritam os estudantes.
Também houve críticas ao vice-presidente Michel Temer e ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), por sua postura na votação da admissibilidade do processo de impeachment, domingo passado na Câmara. Ao votar, o deputado homenageou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Ao proclamar o voto, Bolsonaro chamou Brilhante Ustra de "pavor de Dilma Rousseff".
O protesto no Anhangabaú conta com o apoio e a presença de representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e de outros movimentos estudantis. "Este ato foi convocado por estudantes, pela internet, e a UNE decidiu apoiar o movimento.
O ato vocaliza um pouco desse sentimento que está presente na juventude de uma injustiça muito grande que está acontecendo, o impeachment, com a desmoralização do Congresso Nacional no domingo, já que eles não são legítimos para convocar e conduzir o impeachment. Por isso, este impeachment é um golpe", disse Carina Vitral, presidente da UNE.