Antônio Claudio Mariz de Oliveira, um dos mais experientes criminalistas do país, afirma que não foi convidado por seu amigo Michel Temer para comandar o Ministério da Justiça em um eventual governo do peemedebista. No entanto, diz que, se for indicado, aceitará o desafio.
Mariz de Oliveira, que é advogado do vice-presidente, assegura que não vai interferir na atuação da Polícia Federal, atrelada ao Ministério da Justiça, e que a Lava-Jato não vai acabar.
– Não vejo nenhuma possibilidade de qualquer tipo de interferência do Executivo na Lava-Jato – comentou.
Em outra entrevista, para o jornal jornal Folha de S.Paulo, o advogado foi além. Para ele, a Polícia Federal precisa ter outras prioridades além da caça aos corruptos:
– A PF precisa ter outros focos paralelos à corrupção. O crime organizado está tomando conta do país e as polícias estaduais não dão conta.
Leia mais
Mariz de Oliveira atua para Temer na Lava-Jato e já defendeu empreiteira
Temer define Meirelles para eventual Ministério da Fazenda, diz jornal
Collor apresenta a Temer plano de "reconstrução nacional"
Confira a entrevista do advogado ao jornal O Estado de S. Paulo:
O senhor aceita ser ministro da Justiça em eventual gestão Temer?
Eu não fui convidado. Poderei considerar o convite, mas tenho que fazê-lo de acordo com as minhas possibilidades, principalmente profissionais. Se eu aceitar será porque resolvi meus problemas aqui do escritório. Não estou dando passo nenhum porque estamos no campo das especulações. Claro que ser ministro da Justiça é uma honra. Tenho muita afinidade com as questões do ministério, de forma que não seria algo fora dos meus conhecimentos. Mas não posso afirmar se devo aceitar eventual convite.
Michel Temer é citado por delatores na Lava-Jato.
Houve menção ao Michel na delação de Delcídio(senador Delcídio Amaral) em duas oportunidades. Em ambas ele fala a mesma coisa, repete declaração de que Michel teria indicado João Augusto Henriques para um cargo na Petrobras. Posteriormente, teria "apadrinhado" esse mesmo cidadão para ser diretor da Petrobras. E também teria "apadrinhado" (Jorge) Zelada (ex-diretor da estatal). Michel não conhecia João Henriques, só veio a conhecê-lo no início dos anos 2000.
Mas houve o apadrinhamento?
Esse apadrinhamento, na verdade, foi uma indicação do PMDB mineiro ao Michel, que era presidente do partido na época. Só que João Henriques não assumiu, e a mesma bancada mineira do PMDB indicou o Zelada e comunicou ao Michel. Não houve apadrinhamento. Essas explicações já foram fornecidas em petição ao ministro Teori Zavascki (relator da Lava-Jato no STF). Eu já levei ao ministro, como advogado do Michel, essas explicações. O fato é que não existe investigação (contra Temer), não tem indício de crime.
No TSE pedem a cassação da chapa Dilma/Temer.
Michel já apresentou petição em que procura mostrar a necessidade de julgamentos separados, as contas dele e as contas da Dilma. Michel não se locupletou de nenhuma irregularidade, todos os recursos de campanha foram absolutamente regulares e declarados.
O senhor é um dos signatários do manifesto contra a Lava-Jato.
Assinei o manifesto porque concordei com a essência do texto. Sou favorável à punição dos responsáveis (por atos de corrupção), desde que garantido a direito de defesa a todos.
Como ministro da Justiça o senhor poderá interferir na Lava-Jato?
Não vejo nenhuma possibilidade de qualquer tipo de interferência do Executivo na Lava-Jato. Acho até uma irracionalidade acreditar que o presidente da República ou o ministro da Justiça possa interferir no andamento da Lava-Jato.
Mas a Polícia Federal é atrelada ao Ministério da Justiça.
Embora a Polícia Federal esteja ligada ao ministério, ela será amplamente respeitada para que atue em cumprimento dos seus deveres e obrigações. Do contrário, o ministro da Justiça estará prevaricando, tentando impedir que policiais federais cumpram os seus deveres. Jamais o ministro da Justiça fará isso, como o anterior (José Eduardo Cardozo) não fez, adotando comportamento exemplar em relação à Polícia Federal.