Um novo elemento foi adicionado nesta terça-feira ao inquérito que investiga o atropelamento de um casal durante um suposto racha, na madrugada do último sábado. É a comanda paga pelo dono do Audi A5, veículo que provocou o acidente, em uma casa noturna que frequentou na mesma noite. Nela, consta o consumo de 10 cervejas durante as três horas em que ficou no estabelecimento.
Conforme o documento fornecido pela casa noturna – que teve o nome mantido em sigilo pela polícia – o homem, identificado como Thiago Brentano, 39 anos, entrou à 0h36min e permaneceu no local, na Rua Silva Jardim, até as 3h26min. O atropelamento ocorreu pouco depois, por volta das 4h.
Leia mais:
Dono de carro que provocou atropelamento se apresenta à polícia, mas fica em silêncio
Suspeito de atropelar casal estava com direito de dirigir suspenso
EPTC divulga imagens de racha que resultou em atropelamento de casal
Segundo a Brigada Militar, testemunhas relataram que o Audi A5 estaria fazendo racha quando colidiu com um táxi no cruzamento da Rua 24 de Outubro com a Avenida Goethe. Na sequência, o taxista colidiu contra um Peugeot 206 que estava estacionado e, com a força do impacto, o carro foi jogado para a calçada, atropelando o casal, que passeava com o cachorro no Parcão.
As vítimas foram identificadas como Thomaz Atillio Coletti, 25 anos, que foi levado ao Hospital Cristo Redentor e recebeu alta horas depois; e Rafaela Cruz Perrone, de 24, que segue internada no hospital Moinhos de Vento.
Brentano, que é proprietário de uma produtora de vídeo, se apresentou à polícia na tarde de segunda-feira ao lado do advogado, mas não confirmou à polícia se era ele quem dirigia o carro no momento do acidente, pois usou o direito de permanecer em silêncio.
– Estamos verificando e indo atrás de vários elementos de prova para chegar ou não a um indiciamento. O dono do veículo pode alegar, por exemplo, que não foi ele quem consumiu a cerveja. Estamos ainda escutando testemunhas, inclusive que estavam dentro da casa noturna, e buscando outras imagens de câmeras de segurança de estabelecimentos que ficam ao redor de onde ocorreu o acidente – afirma o delegado Carlo Butarelli, titular da Delegacia de Lesões Corporais de Trânsito.
O caso é investigado pela polícia como lesão corporal culposa (sem intenção), com pena de detenção de dois meses a um ano, com agravante de fuga do local, além de possíveis racha e embriaguez, questões que o inquérito ainda vai apurar.
O delegado explica que a prisão preventiva do dono do veículo não foi decretada por não haver ainda nenhum requisito para fundamentá-la, já que Brentano se dispôs a colaborar com a investigação.
O homem que estava no carona do Audi A5 quando ocorreu a colisão deveria prestar depoimento na tarde desta terça-feira, mas pediu um adiamento para a próxima quinta-feira. Ainda não há uma data para um novo depoimento de Brentano:
– Pretendo ouvir o dono do veículo depois de reunir tudo que já tivermos de provas, o que deve ocorrer logo – concluiu o delegado.
O advogado de Brentano, Jader Marques, afirmou apenas que não vai fazer comentários sobre o assunto.