Ribalta
Com uma gravata azul Louis Vuitton, cabelos com a tintura retocada e um lenço branco com sua inicial bordada, o relator do impeachment na Câmara, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), teve neste domingo seu dia de glória. Abordado por dezenas de jornalistas, mal conseguia caminhar livremente pelo salão verde. Ressabiado, com o risco de alguma retaliação por conta do parecer favorável ao impeachment, Jovair preferiu deixar a família em Goiás.
– Numa hora dessas, o melhor é a família estar na segurança do lar – justificou.
Romaria
Alinhado com Michel Temer na reta final das articulações do impeachment, Jerônimo Goergen (PP-RS) pediu uma reunião do vice com a bancada do PP na próxima semana. Quer ouvir o agradecimento do peemedebista. A ideia deve ser repetida por Temer com outros partidos que votaram a favor do afastamento de Dilma.
No script
Mesmo acostumados a discursar no plenário, mas tendo apenas 10 segundos para votarem, alguns parlamentares preferiram ensaiar as palavras que diriam no momento decisivo.
Paulo Pimenta (PT-RS) foi flagrado ontem de manhã treinando no plenário.
– Tenho que ter a capacidade de interpretar o momento histórico e falar ao Brasil. O que acontecerá hoje deixará marcas muito profundas para a próxima geração – afirmou.
Precavido
Com processo de expulsão aberto pelo PDT, por votar a favor do impeachment, Giovani Cherini (PDT-RS) consultou dois advogados sobre o risco de perder o mandato. Ouviu que a jurisprudência o defende. Com a eleição municipal no horizonte, Cherini pode ficar um tempo sem partido para não atrapalhar prefeitos e vereadores ligados a ele. Ainda há quem acredite que o PDT voltará atrás na punição.
Só depois
Questionado sobre Eduardo Cunha, que responde a processo por quebra de decoro no Conselho de Ética, Mendonça Filho (PE), líder do DEM e um dos articuladores do impeachment, desconversou: "Sobre o futuro, só falarei no futuro".
Dá um like aí
Desde sexta-feira em Brasília, o deputado estadual Marcel Van Hattem (PP-RS) aproveitou o impeachment para turbinar a sua lista de seguidores na internet. Alguns de seus vídeos, transmitidos ao vivo pelo "Van Hattem Connection" no Facebook, tinham mais de 10 mil espectadores. O deputado também se reuniu com os coordenadores do Movimento Brasil Livre, Kim Kataguiri, e Vem pra Rua, grupos organizados pró-impeachment.
Cicerone
Kim Kataguiri, coordenador de inúmeros protestos contra o governo à frente do Movimento Brasil Livre, acompanhou a votação do impeachment sentado no chão do salão verde da Câmara. Abordado antes do início da sessão, evitou comentar uma eventual vitória da oposição, mas garantiu que, tão logo o resultado se consumasse, iria levar os deputados até os integrantes da organização gaúcha La Banda Loka Liberal.
Gauderiando
Para o bom bairrista, não poderiam faltar os artigos gaudérios no dia da votação do impeachment de Dilma Rousseff na Câmara. Covatti Filho (PP) chegou ainda pela manhã de ontem com a bandeira do Rio Grande do Sul amparada no antebraço. No plenário, Carlos Gomes (PSB) estava enrolado no manto farroupilha. Giovani Cherini (PDT) levou o chimarrão misturado a um chá, e o fazia correr de mão em mão pelos colegas.
Corrida por voto
Antes de a votação ter início, integrantes da oposição se movimentavam em busca de deputados ausentes. Até as 17h30min, ainda havia nove faltantes. Antes disso, quando faltavam 31 parlamentares, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), um dos mais ferrenhos defensores do afastamento de Dilma, disparou ligações para os colegas. Temer também chegou a ser acionado para telefonar aos faltosos.
Bate e assopra
Ao chegar na Câmara, o deputado Paulo Maluf (PP-SP), recentemente retirado da lista de procurados da Interpol, anunciou que votaria a favor do afastamento da presidente Dilma Rousseff por "questões econômicas". Apesar do apoio ao afastamento, Maluf cobriu Lula e Dilma de elogios.
– Ele (Lula) foi um dos maiores presidentes que o país teve. Tenho o maior respeito por ele e também pela presidente Dilma. Ela é uma mulher honesta, correta, uma Virgem Maria que foi contratada para ser cozinheira em um ambiente menos honesto. Para a presidente, não tem nenhuma questão jurídica, mas acho que o Brasil precisa de mudança – asseverou Maluf.