Bolão disputado
No cafezinho da Câmara, o deputado Paulinho da Força (SD-SP), um dos mais ferrenhos opositores de Dilma Rousseff, circulava na tarde desta quarta-feira com listas em mãos e um envelope pardo.
– Aí, quer assinar o meu bolão? É cem pau – dizia o parlamentar, abordando outros deputados.
No bolão de Paulinho, ganhará o dinheiro recolhido quem acertar o placar da votação do impeachment, que ocorrerá no próximo domingo. Na lista, três colunas tinham de ser preenchidas. Em uma, o deputado colocava o seu nome. Nas outras duas, a quantidade de votos a favor e contra o afastamento de Dilma.
– Quer o dinheiro agora? – perguntou um deputado.
– Lógico. É à vista. Não vou fazer fiado, não – retrucou Paulinho.
Por volta das 16h desta quarta-feira, ele já contava com 25 inscritos no seu bolão. No envelope, havia reunido R$ 2,5 mil. Dentre os palpites, apenas um indicava a permanência de Dilma: o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP) anotou que o afastamento receberá 330 votos, o que resultaria no arquivamento do processo.
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Desconforto
Os quatro deputados da Rede foram chamados para uma reunião com Marina Silva na noite desta quarta-feira. A intenção foi decidir como será a manifestação do partido durante a votação do processo de impeachment na Câmara. Cada bancada terá uma hora, e a vez da Rede deverá ser no sábado. Entre os pontos da pauta, a decisão sobre dividir o tempo – é permitido fracionar o período de discurso para até cinco parlamentares ou concentrar a manifestação em apenas um.
Na comissão especial, causou desconforto a fala do deputado Aliel Machado (Rede-PR), que adotou tom pessoal em vez de expressar o cenário da bancada. Aliel criticou o processo e votou contra, mas, dos quatro deputados da sigla, dois são favoráveis ao afastamento de Dilma. A avaliação é de que ele também expôs Marina, que orientou pela aprovação do impeachment.
Paulo Germano mostra, em vídeo, o QG onde Lula articula a defesa de Dilma:
Pressionados
Partidos de oposição apostam que a manifestação individual no microfone, transmitida ao vivo, somada às pressões da população, será decisiva para levar a maioria dos parlamentares indecisos a votarem a favor do afastamento da presidente. A leitura é de que muitos desembarques e traições ocorrerão até domingo.
No PSB, os deputados Gonzaga Patriota (PE) e Hugo Leal (RJ), que até segunda-feira estavam indecisos, agora optaram por alinhar-se à saída de Dilma.
Nem aí
O PDT ameaça com expulsão os deputados infiéis que votarem a favor do impeachment. Caso o processo chegue ao Senado, o gaúcho Lasier Martins já avisou que defenderá a saída de Dilma. Pretende ignorar a orientação do partido, que ficou com apenas três senadores.