O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Ribeiro Nardes, relator do processo que resultou na rejeição das contas da presidente Dilma Rousseff, por causa das pedaladas fiscais, afirmou nesta sexta-feira, em Teresina, que em valores atualizados os desvios de recursos públicos que provocaram a Operação Lava-Jato já alcançaram a cifra de R$ 29 bilhões.
Ele disse que tentou avisar "por diversas vezes" a presidente da República sobre as irregularidades que vinham ocorrendo desde 2010, "mas não lhe deram ouvidos".
O ministro destacou também que no período de 2010 a 2014 pedaladas fiscais de R$ 106 bilhões foram remanejadas da Caixa Econômica e do FGTS. Já no ano de 2015 foram mais R$ 2,5 bilhões.
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– Foram abertos créditos suplementares sem a autorização do Congresso Nacional. Isso é ilegal – declarou Augusto Nardes, que alega ter avisado a Casa Civil e a própria presidente Dilma Rousseff sobre as infrações.
O ministro participou de um evento organizado pelo Instituto Rui Barbosa (IRB) em parceria com o Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), em Teresina. Ele falou sobre eficiência na gestão pública. Em sua palestra discorreu sobre o Índice Geral de Governança e Federação, falando ainda sobre competitividade. Segundo o ministro, "tem que fazer o País funcionar, senão o País não cresce e as pessoas não têm emprego para defender a família".
Augusto Nardes afirmou que o Índice de Governança serve para mostrar como os recursos são aplicados no Estado. Ele falou que "precisa haver a irmandade na fiscalização para a melhor aplicação dos recursos públicos".
– Tenho convicção que vamos mudar esse País. O Congresso já está fazendo isso – afirmou.
O ministro do TCU assinalou que a ineficiência da fiscalização e a falta de governança nos órgãos públicos levaram ao desvio ou desperdício de recursos, que atualizado por técnicos da Corte de Contas chegam a R$ 29 bilhões. Ele destacou que o grande problema na governança está nos líderes que não sabem o que priorizar e na falta de sequência nos projetos. Para Augusto Nardes, quem é um bom governante pode não ser um bom gestor. E vice-versa.
O ministro informou que tinha avisado a Casa Civil e a própria presidente da República "sobre os desmandos administrativos, que poderiam resultar na reprovação das contas, desde 2013". Mas não foi ouvido.
Augusto Nardes avalia que o diálogo e um "trabalho conjunto" pode fazer o país sair da crise.
– Tem que sentar todos à mesa, imbuídos de boa vontade para colocar a sociedade em primeiro lugar. Esse é um dos princípios da governança – recomenda o ministro.