O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró confirmou, nesta segunda-feira, pagamento de propina de US$ 6 milhões ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, Cerveró disse que o valor foi quitado pelo operador Jorge Luz em relação à sonda Petrobras 10000. As informações são do jornal O Globo.
A investigação é sobre o acordo entre a Petrobras e o Banco Schahin para a operação do navio-sonda Vitória 10000 como forma de quitação de um empréstimo de José Carlos Bumlai para o PT.
À Procuradoria-Geral da República (PGR), Cerveró já havia afirmado, em delação premiada homologada, que Renan e o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) teriam sido os beneficiários pela propina.
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No depoimento que concedeu ao juiz Sérgio Moro, Cerveró também disse, conforme O Globo, que recebeu de José Sérgio Gabrielli, então presidente da Petrobras, a responsabilidade de usar um contrato da estatal para quitar uma dívida de R$ 50 milhões do PT da campanha de 2006.
De acordo com O Globo, o ex-diretor afirmou ter procurado Gabrielli por estar sendo pressionado pelo ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau a conseguir dinheiro para quitar dívida de campanha do PMDB, que variava entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões. Gabrielli teria dito:
– Vou te fazer uma proposta. Você deixa que eu resolvo o problema do Silas e você resolve o problema do PT. O PT tem uma dívida de R$ 50 milhões, decorrente da campanha, com o Banco Schahin, que precisa ser resolvida.
Então, segundo o jornal, Cerveró disse que já havia sido procurado pelo Banco Schahin, que queria operar sondas para a Petrobras em águas profundas, e que viu no contrato de operação da sonda Vitória 10000 a possibilidade de resolver o problema do PT.
José Sérgio Gabrielli não foi localizado pelo O Globo para comentar o caso.