Depois de partidos como o PP e o PRB oficializarem a saída do governo e o apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o governo ainda acredita que terá votos suficientes para derrubar o processo no próximo domingo e dar início a uma nova base de governo que dê governabilidade para os próximos passos.
O ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disse que o governo está preocupado não apenas com a votação de domingo, mas também em "dar estabilidade ao país".
– A gente sabe que vários partidos da base têm hoje um tensionamento interno grande. Nós estamos trabalhando na fase de reta final, é deputado por deputado, caso por caso – disse.
Leia mais
Faça o teste e descubra quem são os autores de frases nos processos de impeachment de Collor e de Dilma
Saiba como será o rito do impeachment a partir de sexta-feira
Partidos "nanicos" também devem romper com Dilma
Segundo ele, Dilma tem feito um "corpo a corpo" e procurado deputados que querem ouvir a sua opinião e seus argumentos. Para discutir o assunto, a presidente se reuniu no início da tarde desta quarta-feira com líderes partidários e ministros do seu governo, inclusive do PMDB, partido que saiu da base aliada no último dia 29 de março.
Participaram do encontro deputados que têm feito defesa aguerrida do mandato dela, como Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Sílvio Costa (PTdoB-PE), além dos peemedebistas Marcelo Castro (Saúde), Helder Barbalho (Portos) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues (PR).
De acordo com Berzoini, o Planalto busca demonstrar que o pedido de impeachemnt é improcedente com base em argumentos, e não com "toma lá, dá cá". Ele repetiu as defesas do governo de que Dilma não cometeu crime de responsabilidade e que o relatório de Jovair Arantes (PTB-GO) aprovado pelos deputados que compõem a comissão do impeachment na segunda-feira politizou um exame que é "fundamentalmente de mérito".
– A conversa com o Congresso é absolutamente direta, transparente, no sentido de mostrar que nós não podemos brincar com a democracia, e que é hora de ter um juízo absolutamente desprovido de paixões. Não se trata de gostar ou não do governo, de apoiar ou não a presidenta, trata-se de cuidar da democracia, que é um bem fundamental de todo povo brasileiro – afirmou Berzoini.
O ministro defendeu também que a decisão de domingo, no plenário da Câmara, não deve se transformar em uma "eleição indireta" sem a participação do povo. Após o encontro, a presidente fez um discurso em que propôs um "grande pacto" e "diálogo nacional" com todos os seguimentos da sociedade, caso o impeachment seja derrotado.
– Estamos convencidos que teremos no domingo número suficiente para barrar o golpe e criar as condições para construir uma nova base de governo, capaz de dar governabilidade no momento seguinte. Na nossa avaliação, a base hoje é superior a 200 votos sendo trabalhada de maneira muito rigorosa e criteriosa pelas lideranças – disse Berzoini.
O líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani, também esteve no Palácio do Planalto. Na terça-feira, Pansera disse que os três ministros do PMDB que têm mandato de deputado vão se licenciar dos cargos para participar da votação. Segundo Berzoini, o retorno deles não é apenas para garantir os votos, mas para fazer, a partir de quinta-feira, um enfrentamento político sobre a questão.