Motivados por denúncias de queima no Aterro de Resíduos Sólidos de Viamão, o Ministério Público da cidade promete, para os próximos dias, uma vistoria na área de 5 hectares na localidade de Passo do Morrinho, onde até agosto do ano passado funcionava um lixão irregular.Há duas semanas, os dejetos despejados para reciclagem queimam no aterro sem que o fogo seja extinto. Depois das labaredas iniciais que assustaram os moradores da região, a fumaça que ainda sai da montanha de lixo segue espalhando mau cheiro no ar.
Moradores dos becos da Olaria do Godoi reclamam do mau cheiro que ainda persiste na área onde vivem mais de cem famílias. Vizinho do aterro, o consultor Ruy Barbosa, 54 anos, conta que não consegue abrir as janelas desde que o incêndio começou.
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– Os olhos ardem e a garganta seca. Não sabemos mais o que fazer – desabafa.
A situação é a mesma com Sinara Ketzer, 51 anos, cujo terreno faz divisa com o aterro.
– Quando o tempo está úmido fica ainda mais insuportável respirar este ar. Vivemos trancados em casa porque o cheiro segue mesmo depois de terem colocado argila em parte do lixão – conta.
A partir das denúncias, a promotora de Viamão, Anelise Stifelman, prometeu agir nos próximos dias.
Na segunda-feira, técnicos da Divisão de Saneamento Ambiental e da Divisão de Emergência Ambiental, ambos vinculados à Fepam, visitaram o local. Interceptados por moradores vizinhos ao aterro, eles foram questionados sobre a regularização do espaço. Aos moradores, os técnicos disseram ter encontrado problemas na gestão do local, como o armazenamento de diferentes resíduos num mesmo ambiente e a forma incorreta de apagar o incêndio – no lugar de água, deveria ser usada terra para abafar o fogo.
A assessoria de imprensa da Fepam informou que os relatórios da vistoria serão enviados ao Ministério Público de Viamão e ao Poder Judiciário para a tomada de possíveis medidas. A Fundação não quis divulgar o teor do relatório. A assessoria ainda informou que parte do aterro, o que recebe resíduos sólidos urbanos, está com processo judicial em andamento, pois houve descumprimento do licenciamento ambiental por parte do município.
Grama e argila
Apesar de a montanha de mais de 20m de lixo ter sido enterrada em argila, parte de um dos taludes rompeu-se, deixando o lixo exposto. Segundo a secretária de Meio Ambiente de Viamão, Liliane Cafruni, o incêndio, cuja as causas ainda estão sendo investigadas, foi controlado no final de semana passado e está sendo colocada terra sobre o local onde o fogo ainda queima. Sobre o talude, ela reconheceu o rompimento e prometeu reconstruí-lo nas próximas semanas, sem data específica.
– Estamos, inclusive, plantando grama sobre o morro de argila, para segurar os taludes. As pessoas não entendem que os caminhões continuarão circulando no local porque se tornou uma área de transbordo. O lixo chega, é selecionado. O restante segue para um outro aterro de descarte – explica.
A secretaria contestou a avaliação inicial da Fepam, informando que os resíduos acabaram se misturando por conta da movimentação de máquinas para conter o incêndio. Desde agosto de 2015, Viamão não deposita mais descartes comuns ao aterro _ as exceções são caliça, restos de poda e outros materiais que podem ter uma destinação diferente. O material passa pelo local para seleção e depois é encaminhado para São Leopoldo, ao custo de R$ 500 mil mensais. Um aterro particular deverá ser construído em Viamão, mas ainda sem data prevista.
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