Após ser citado por executivos da Andrade Gutierrez como recebedor de propina no esquema das obras da usina nuclear de Angra 3, o superintendente de Construção da Eletronuclear, José Eduardo Costa Mattos, foi afastado do cargo. As menções a Costa Mattos surgiram em audiência ocorrida no dia 15 de abril, no Rio de Janeiro, e se repetiram na última segunda-feira. O caso é apurado pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, após ter sido desmembrado da Lava-Jato.
Nas duas ocasiões, foram colhidos depoimentos de executivos da empreiteira que firmaram acordo de delação premiada. Além de Costa Mattos, foram citados o superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos, Luiz Messias, e o diretor-técnico Luiz Soares.
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No dia 15 de abril, os nomes dos três executivos da Eletronuclear ainda constavam na página da estatal entre os "principais gestores". A área tocada por eles é justamente a que cuida das obras de Angra 3. Na segunda-feira, contudo, seus nomes haviam desaparecido, dando lugar a um diretor e um superintendente interinos. Procurada, a Eletrobras não quis comentar.
Segundo o depoimento de Gustavo Botelho, ex-funcionário da Andrade Gutierrez, Luiz Messias recebia R$ 50 mil em espécie em encontros, que ocorreram "três ou quatro vezes" na cidade do Rio de Janeiro. Costa Mattos, por sua vez, recebeu pacotes que tinham entre R$ 50 mil e R$ 75 mil por duas vezes.
Já o diretor Luiz Soares recebeu propina por meio de contratos de fachada com a empresa Flex System. Ao todo, os diretores recebiam o equivalente a 1% do contrato de Angra 3, de acordo com o depoimento de Clovis Peixoto Primo, ex-funcionário da Andrade.
Os diretores não foram procurados pela Justiça para esclarecimentos e ficaram sabendo das menções a seus nomes pela imprensa.