Quase oito anos depois, o controverso caso da explosão de uma bomba caseira em uma padaria, no centro de Porto Alegre, será julgado nesta segunda-feira pela 1ª Vara do Júri da Capital.
O mecânico de automóveis Peter Nunes Goulart, 49 anos, é acusado de ter deixado uma bolsa com artefato acoplado a um celular sobre uma mesa, destruindo parte do estabelecimento e deixando três pessoas feridas.
O crime aconteceu às 8h30min de 9 de junho de 2008, dentro da Padaria e Lancheria Roquete, localizada na esquina da Avenida Independência com a Rua Coronel Vicente, quando uma chamada para o celular, de outro celular, acionou a bomba revestida com pregos e bolinha de aço. Minutos antes, alguém ligou duas vezes para a padaria, avisando iria ocorrer uma explosão, mas o alerta foi ignorado.
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Desde então, o caso teve diferentes versões, nenhuma delas até hoje confirmada plenamente. Em um primeiro momento, Goulart, um conhecido dele e um sócio da padaria foram apontados como autores do atentado. O objetivo seria receber dinheiro de seguro. Os três chegaram a ser denunciados pelo Ministério Público, mas quando o caso chegou à Justiça, apenas Goulart foi pronunciado, e ele seguiu como réu.
O mecânico é apontado como autor do crime porque, supostamente, queria se vingar dos donos da padaria, onde a então namorada dele trabalhava e teria sido despedida dias antes.Goulart foi preso provisoriamente pelo crime, mas está solto.
Ele sempre negou envolvimento no caso. Não foi reconhecido por vítimas nem por testemunhas da explosão, mas a suspeita contra ele se mantém por causa de depoimentos prestados à Polícia Civil pela então namorada e a mãe dela. As duas afirmaram terem visto Goulart manipulando uma bomba caseira dois dias antes da explosão. Perante à Justiça, as duas negaram os fatos.
O julgamento está marcado para às 9h30min, conduzido pelo juiz Maurício Ramires e será um duelo entre "Amorins". De um lado o promotor de Justiça Eugênio Amorim, e de outro o defensor público Eledi Amorim. O promotor entende que Goulart deve ser condenado pelo crime, embora reconheça que será um júri difícil. O defensor acredita que o réu é inocente.
O atentado causou um prejuízo de R$ 50 mil ao estabelecimento, que ficou nove dias fechado, segundo Paulo Bicca Guimarães, advogado dos proprietários. Conforme ele, o estabelecimento tinha seguro, mas, por conta do episódio, eles até hoje não foram ressarcidos pela seguradora, alvo de ação na Justiça. Também é discutido judicialmente o pagamento de indenização a três vítimas que ficaram feridas no atentado.