Moradores de Bom Princípio tentavam compreender os motivos que levaram Marcelo Ferreira de Faria, 47 anos, a matar a esposa, Márcia Thomé, 27, e as duas filhas dela, Jaíne, 12, e Jeissi, 4. O crime foi descoberto no início da tarde desta terça-feira.
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Os corpos da mulher e das crianças estavam no apartamento da família, no bairro Santa Terezinha. Após ter esfaqueado as vítimas, Marcelo tentou cometer suicídio de duas formas: a golpes de faca nos braços e no pescoço e ao abrir o gás do apartamento, quando foi resgatado pelos bombeiros. O homem foi preso e depois seria encaminhado ao presídio.
Polícia e bombeiros foram acionados por volta de 13h30min desta terça-feira, por vizinhos que reclamaram do forte cheiro de gás. Outros vizinhos relataram terem ouvido Márcia gritar por volta de 6h30min, horário provável dos crimes.
O apartamento fica em cima de um supermercado na Avenida Tenente Coronel Jacob Selbach Junior, que no fim da tarde ficou tomada por familiares de Márcia, amigos e curiosos.
A motivação do crime seria passional. De acordo com diversos relatos, Márcia e Marcelo estavam em processo de separação. A mulher inclusive havia se reconciliado com o pai das meninas, segundo Valdir, irmão dela.
Ela e o ex-companheiro teriam passado o fim de semana juntos, segundo Jeissi contou para a professora da creche, Caroline Postai, na segunda, fato que pode ter despertado ciúmes em Marcelo.
De acordo com o irmão, Marcelo era agressivo com Márcia. Há cerca de quatro meses, uma briga em pleno trânsito, em que ele a tirou do carro e a agrediu, resultou em ocorrência policial. Valdir exibiu para a reportagem uma mensagem enviada por Marcelo às 8h10 de terça-feira, em que o cunhado dizia "pra mim chega, tô largando tudo".
_ Ele (Marcelo) iria voltar para São Paulo, veio buscar as coisas dele. Ela (Márcia) foi inocente em atendê-lo sozinha. Devia ter chamado um vizinho _ diz Valdir, que tentava consolar a mãe de Márcia, Arolda Thomas, 47, que não conseguia controlar o pranto na entrada do prédio.
Marcelo, segundo o cunhado, é ex-policial e atuava como detetive particular em SP. Ao mesmo tempo, mantinha com Márcia um comércio de piscinas em Bom Princípio.
Após cometer o crime, ele foi encaminhado ao pronto-atendimento 24 horas, e mais tarde à delegacia, onde prestou depoimento. Dali, seguiria para um presídio de Montenegro. Até o início da noite desta terça-feira, o apartamento estava isolado para perícia e os corpos ainda não haviam sido removidos.
Ausência sentida na escolinha
Na rua lateral ao apartamento em que as vítimas viviam, fica a creche que Jeissi havia começado a frequentar no início do ano. Na manhã desta terça-feira, a professora Caroline Postai sentiu falta da menina que chamava a atenção por ser muito quieta e introspectiva. Na sala de aula, os trabalhinhos de Jeissi eram os mais coloridos.
_ Não consigo acreditar ainda. Hoje nós contamos para os coleguinhas que ela iria viajar e não ia mais voltar _ desabafou Caroline.