O governador José Ivo Sartori (PMDB) comparou, nesta quarta-feira, a luta pela renegociação da dívida do Estado à Revolução Farroupilha. Ele palestrou para líderes políticos e empresariais no primeiro "Tá na Mesa" do ano, ciclo de palestras promovido pela Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul).
– Estamos, sim, diante de uma nova luta federativa. Uma luta sem armas, mas que vai exigir uma mobilização ainda maior do que aquela que motivou os nossos farrapos – disse.
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Sartori defendeu a urgência da revisão de parâmetros da dívida do Estado com a União. Na terça-feira, ele havia participado de uma reunião, em Brasília, entre governadores e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, para tratar sobre o tema.
Mais uma vez, o encontro terminou sem acordo. O governo federal repetiu a oferta de alongar em 20 anos o prazo de pagamento da dívida e acrescentou na negociação um desconto nas parcelas mensais do débito por até dois anos em troca de medidas de rigor fiscal.
– Evidentemente, a proposta é insuficiente para o Rio Grande do Sul. Nós estamos pedindo ao Ministério da Fazenda e à Presidência da República para tratar as questões do Rio Grande individualmente – protestou Sartori.
No evento, o governador disse que o ministério solicitou duas medidas já adotadas pelo seu governo: a criação de previdência complementar aos servidores estaduais e a criação de Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual. Ele ainda defendeu a concessão de estradas gaúchas ao afirmar que o Estado "não pode ficar imobilizado por questões ideológicas".
Sobre a crise política em âmbito federal, o governador evitou responder se vê motivo concreto para o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT):
– Se existir algum motivo, (o processo) tem de ser acelerado.
O governador gaúcho evitou opinar sobre a condução coercitiva do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e garantiu que apenas a convenção nacional irá decidir se o PMDB permanece ou desembarca do governo Dilma. Sartori disse que a saída do partido da base aliada não é consenso.