Cerca de duas semanas após o PMDB de Santa Catarina anunciar a entrega de cargos federais, a direção nacional do partido decidiu por aclamação pelo desembarque completo do governo Dilma Rousseff (PT), em Brasília, nesta terça-feira. A reunião dos peemedebistas foi liderada pelo senador e vice-presidente do partido, Romero Jucá (RR), e durou poucos minutos. Para integrantes do partido em Santa Catarina, o anúncio deve incentivar outros partidos da base da Presidência a abandonarem o governo.
Menos de quatro minutos foram necessários para políticos do PMDB decidirem por aclamação o desembarque oficial do governo Dilma. A medida é reforçada por uma moção aprovada na reunião determinando que integrantes do partido devem entregar cargos no Poder Executivo, ou então responderão a um processo no conselho de ético do partido. Presidente da legenda em Santa Catarina, o deputado federal Mauro Mariani falou sobre a reunião em Brasília:
– A decisão foi rápida porque não foi tomada agora, mas após várias discussões que estão ocorrendo dentro do PMDB e também no Brasil sobre o futuro do país. O atual governo possui problemas sérios e acreditamos que apenas uma mudança profunda pode ajudar o país a sair dessa crise.
O senador Dario Berger também participou da reunião em Brasília e justificou o desembarque do PMDB criticando as ações governo Dilma, principalmente por causa da atual crise econômica. Além disso, disse que há uma falta de confiança na atual presidente Dilma Rousseff.
– O governo Dilma há muito tempo demonstra que não tem capacidade para tirar o país dessa situação de crise econômica e política. O PMDB está tomando uma decisão corajosa e informando que vai defender um novo projeto para o Brasil - afirma o senador.
Catarinenses foram os primeiros a entregar cargos
O dominó da retirada do PMDB do governo Dilma teve o primeiro passo no dia 14 de março, com o anúncio dos peemedebistas catarinenses de entregarem cargos em órgãos federais. O ex-deputado Djalma Berger e o ex-governador Paulo Afonso Vieira anunciaram a saída dos cargos de presidente e diretor da Eletrosul, respectivamente; e o ex-secretário estadual Vinícius Lummertz entregou o cargo de diretor da Embratur. Nos dias seguintes, os Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais tomaram o mesmo caminho.
Para o peemedebista Eduardo Pinho Moreira, vice-governador de SC, o posicionamento dos catarinenses foi importante para a retirada gradual do PMDB do governo Dilma. Ele ainda falou sobre o possível apoio de outros partidos.
– O PMDB está assumindo um papel vital na vida dos brasileiros. Acredito que outros partidos devem fazer o mesmo movimento nas próximas semanas. Já temos indicações de deputados catarinenses de outros partidos assumindo um posicionamento favorável ao impeachment, por exemplo - diz o vice-governador.
A presidência da Eletrosul foi ocupada por Márcio Zimmermann, que também era ligado ao PMDB, mas já entregou pedido de desfiliação ao partido, segundo a assessoria do diretório estadual do partido. O único integrante do PMDB ainda em cargo federal é Adenor Piovesan, atual superintendente estadual da Funasa. O presidente do partido em SC, Mauro Mariani, informou que Adenor deve ser substituído do cargo com a mudança da presidência do órgão federal de Saúde. Piovesan não foi encontrado pela reportagem para falar sobre o assunto.