Enquanto Lula tomava posse como ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, nos salões do Palácio do Planalto, em Brasília, do lado de fora o cenário não foi de batalha campal apenas por detalhe na manhã desta quinta-feira. Militantes contrários e favoráveis ao PT chegaram a ficar frente a frente, separados por poucos metros e um cordão policial.
Os dois lados demonstravam disposição para partir ao enfrentamento físico. Ofensas, ameaças, socos, pontapés e bandeiradas. Tentativa de invasão ao Palácio do Planalto. Gás de pimenta. Aconteceu de tudo na Praça dos Três Poderes.
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A posse de Lula – suspensa por liminar judicial – estava marcada para as 10h. Pouco antes disso, cerca de 300 militantes governistas, entre militantes do PT, PC do B, CUT, CTB e MST já estavam em frente ao Palácio do Planalto para prestar apoio ao governo Dilma, ameaçado por um processo de impeachment e grave crise política e econômica.
Os manifestantes contra o governo eram poucos no início. Mas, por volta das 10h30min, o contingente cresceu e avançou, aproximando-se dos governistas.
Foram inúmeras as correrias, principalmente quando um manifestante tentava cruzar o grupo adversário até chegar aos seus parceiros. Houve perseguições e agressões dos dois lados, socos e pontapés. Um boné vermelho foi queimado, depois de ser retirado de um militante governista agredido.
Por volta das 11h, os oposicionistas ao Planalto, inconformados com a nomeação de Lula como ministro (o que lhe assegura foro privilegiado diante das investigações da Lava-Jato), já eram maioria, passando de mil pessoas. Eles fizeram vários movimentos, primeiro se aproximando dos petistas, depois quase invadindo o Planalto, o que foi reprimido com gás pimenta. Depois, foram ao Supremo Tribunal Federal (STF). A todo instante estouravam rojões. O corre-corre foi intenso. "Vagabundo", "mortadela" e "coxinha" foram as ofensas mais suaves ouvidas.
A dispersão começou somente depois do meio-dia. Antes disso, militantes petistas romperam um brete e se aproximaram do Planalto. De dentro do palácio, pessoas se aproximavam da vidraça, jogando para o lado as compridas cortinas, para acenar.
Faltou pouco para que a briga se tornasse generalizada. Isso só não ocorreu porque a polícia esteve fortemente presente, com cavalaria, veículos e dezenas de homens. Em um dos momentos mais tensos, o Exército foi chamado para proteger o Planalto de eventual invasão.
Um dia depois da divulgação do telefonema entre Lula e Dilma, ocasião em que eles teriam combinado detalhes da posse de Lula como ministro supostamente para obstruir a Justiça, Brasília amanheceu ardendo.
*Zero Hora