O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, aliado histórico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pediu nesta quarta-feira, às 16h24min, ao juiz federal Sergio Moro que suspenda a Operação Aletheia – investigação que pegou Lula, o próprio Okamotto, o Instituto e a LILS Palestras e Eventos. Okamotto se apoia na decisão da presidente Dilma Rousseff, anunciada nesta tarde, de indicar Lula para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, condição que coloca o ex-presidente no rol de autoridades com foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido de Okamotto foi feito imediatamente após o anúncio de Dilma.
O pedido de Okamotto é subscrito por seus advogados, que protocolaram o documento no gabinete de Moro minutos após a declaração pública de Dilma sobre a escolha de Lula para a Casa Civil. A estratégia do presidente do Instituto Lula é que toda a Operação Aletheia seja deslocada para a Corte máxima. Neste caso, além de Lula, todos os outros investigados, inclusive Okamotto, seriam eventualmente processados no STF. Na prática, eles ficariam livres de Moro.
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"Paulo Tarciso Okamotto, já qualificado nos autos do pedido de busca e apreensão criminal em epígrafe, por seus advogados, vem à elevada presença de V. Exa. expor e requerer o que segue. Conforme amplamente noticiado pelos meios de comunicação social na presente data, o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, ex-Presidente da República e também investigado nestes autos, acaba de ser nomeado Ministro Chefe da Casa Civil, logo, por prerrogativa de função, goza de foro perante o Supremo Tribunal Federal, nos termos do artigo 102, inciso I, alínea "b", da Constituição Federal", sustenta a defesa.
Segundo os advogados, 'cabe tão-somente ao Supremo Tribunal Federal decidir acerca da manutenção de todo o feito perante aquela Corte ou, nos termos do artigo 80 do Código de Processo Penal, desmembrá-lo em relação aos investigados que não possuem a mencionada prerrogativa de função, inclusive isto já foi decidido nos autos de um dos procedimentos da denominada Operação Lava-Jato'.
Em setembro de 2015, o STF decidiu separar os autos da Operação Radioatividade, que investiga corrupção e propinas nas obras da Usina de Angra 3 e na Eletronuclear. O alvo principal desta etapa da Lava-Jato é o almirante Othon Pinheiro, ex-presidente da estatal.
A Radioatividade foi deflagrada por Moro, mas o Supremo determinou a migração dos autos para a Justiça Federal, no Rio, onde fica Angra 3.
Os advogados de Okamotto pedem ao juiz da Lava-Jato que ordene aos investigadores que não façam nenhuma nova apuração. "Tendo em vista que cessou a competência desse d. Juízo para atuar no presente feito, assim como em todos os feitos a ele correlatos, requer seu imediato sobrestamento, determinando à Autoridade Policial e ao Ministério Público Federal que se abstenham de praticar quaisquer atos de investigação, interrompendo aqueles que estejam em curso; por conseguinte, requer a remessa dos autos ao colendo Supremo Tribunal Federal."
*Estadão Conteúdo