O comandante da Companhia de Operações do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), capitão Fernando Meirelles, contestou as críticas dos estudantes, que consideraram inadequada a ação da polícia durante manifestação contra aumento da passagem de ônibus. O ato ocorreu na manhã desta quinta-feira em frente à Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre.
– O que estamos protegendo é o bem maior. Não pode a cidade trancar por causa de meia dúzia de estudantes. Se o protesto fosse de uma forma tranquila, permitindo que as pessoas continuassem a trafegar de uma forma adequada, não teríamos a necessidade de intervir. Tanto que ofertamos para eles que, se uma via ou duas da Ipiranga ficasse liberada para o trânsito de veículos, a gente não iria intervir. Não foi o que eles fizeram, eles bloquearam o trânsito totalmente – disse Meirelles.
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Os manifestantes alegam que trancaram a avenida por menos de cinco minutos.
– Aconteceu a repressão em um momento em que a gente não esperava. A gente estava esperando repressão nos atos maiores, que acontecem nas segundas-feiras, e não em um ato pequeno. Foi um ato pacífico e estávamos nos organizando para deixar o local, quando jogaram a bomba. Estou sem palavras. A maioria dos participantes é estudante, com menos de 18 anos, lutando por seus direitos – afirmou Barbara Vuelma, 18 anos, integrante do Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Júlio de Castilhos (Julinho).
Pelo menos três estudantes teriam passado mal por causa do gás.
As forças de segurança têm mudado a resposta no controle de manifestações desde dezembro do ano passado, quando elaboraram um protocolo de atuação integrada que promete ações mais rápidas depois um protesto que paralisou a entrada de Porto Alegre.
A primeira regra consiste na tentativa de diálogo para liberação da via pelo órgão responsável pelo trânsito local e, em caso de negativa, a desobstrução por parte de tropa especializada em controle de distúrbios. O comandante do 9º BPM, tenente-coronel Marcus Vinicius Oliveira, diz que a estratégia adotada nesta quinta-feira seguiu as orientações:
– Houve uma negativa do grupo em deixar faixas para circulação do trânsito, então passamos para a segunda fase do protocolo, que é a ação do Estado. Foi utilizada a bomba de gás lacrimogêneo para evitar o contato físico e garantir a integridade de todas as pessoas – justificou.
O protesto ocorreu por causa de uma reunião entre a Empresa Púbica de Transporte e Circulação (EPTC) e o Conselho Municipal de Transporte Urbano (Comtu), iniciada às 11h. O encontro foi convocado depois que a Justiça determinou a suspensão do reajuste da passagem, motivada por uma ação cautelar de lideranças do PSOL que alegava, entre outros pontos, que o Comtu não fez uma análise da planilha tarifária antes do aumento.
No encontro desta quinta-feira, os técnicos da EPTC apresentaram os cálculos dos índices utilizados para o aumento da passagem, que foram confirmados pelo Comtu.