Após uma reunião de quase quatro horas, representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) garantiram parte das demandas apresentadas pelas mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Como ainda restam outras pautas, as manifestantes anunciaram que continuarão ocupando a sede do Incra, no centro de Porto Alegre, por pelo menos mais um dia. No total, há 1.350 mulheres acampadas lá, conforme a organização.
A invasão iniciou na manhã da última terça-feira, após protesto na Yara Fertilizantes, na zona norte da Capital, onde houve pichações em muros da empresa com frases como "assassinos" e "agronegócio mata".
Leia mais:
ANJ repudia invasão de afiliada da Globo de Goiás pelo MST
Mulheres do MST invadem e picham empresa de fertilizantes em Porto Alegre
De acordo com o Incra, duas demandas do MST foram garantidas: a manutenção da assistência técnica às 12 mil famílias assentadas no Estado, que estava ameaçada pelo corte no orçamento do governo federal, e a liberação de 3,4 mil novos contratos Fomento Mulher, programa voltado à implantação de projeto produtivo sob responsabilidade da mulher titular do lote, no valor de até R$ 3 mil.
Duas das principais causas do protesto, incentivos para a produção sem agrotóxicos e o assentamento de famílias acampadas, expulsas e atingidas por barragens, no entanto, não foram debatidas nesta quarta-feira. Por isso, uma nova rodada de negociação foi marcada para a manhã desta quinta-feira. Até lá, o MST promete se manter acampado na sede do Incra.
Reunião com o governo
Após a reunião no Incra, parte das manifestantes foi até a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), também no Centro da Capital, para apresentar uma série de demandas. A reunião não estava agendada e foi realizada na entrada da SDR, com um grupo de pelo menos 60 mulheres ouvidas pelo secretário-adjunto da SDR, Iberê de Mesquita Orsi. Ao meio-dia de quinta-feira a secretaria dará uma resposta às demandas apresentadas.
Conforme a integrante da direção estadual do MST, Roberta Coimbra, foi solicitado à SDR uma série de melhorias nos assentamentos, como abastecimento de água e vagas nas escolas para as crianças, além do transporte até as instituições de ensino. Além disso, o movimento quer o auxílio da pasta para a elaboração de um plano de estruturação da produção de alimentos ecológicos, especialmente no caso de mulheres produtoras.
– Queremos o apoio do Estado para criar o projeto e colocá-lo em prática. É a nossa principal demanda.
O secretário-adjunto afirmou que a pauta apresentada será "dissertada" e que algumas questões pertencem às esferas federal e municipal.
– O Estado entra como parceiro no caso da água e do transporte escolar, por exemplo. Como estamos com dificuldades financeiras, não conseguimos atender tudo. A resposta às demandas será apresentada amanhã (quinta-feira).