O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava-Jato, afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está "imune à investigação" ao decretar a condução coercitiva do petista. "Embora o ex-presidente mereça todo o respeito, em virtude da dignidade do cargo que ocupou (sem prejuízo do respeito devido a qualquer pessoa), isso não significa que está imune à investigação, já que presentes justificativas para tanto", escreveu Moro, no despacho que deflagrou nesta sexta-feira, a Operação Aletheia.
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O ponto mais alto da Lava-Jato até aqui, a força-tarefa do Ministério Público Federal afirmou que investigação sobre o ex-presidente "não constitui juízo de valor sobre quem ele é ou sobre o significado histórico dessa personalidade, mas sim um juízo de investigação sobre fatos e atos determinados, que estão sob suspeita".
– Dentro de uma República, mesmo pessoas ilustres e poderosas devem estar sujeitas ao escrutínio judicial quando houver fundada suspeita de atividade criminosa, a qual se apoia, neste caso, em dezenas de depoimentos e ampla prova documental – informa a Procuradoria.
Os mandados da Operação Aletheia estão sendo cumpridos em endereços do ex-presidente Lula, do seu filho, Fabio Luís Lula da Silva, do Instituto Lula, e em outros locais ligados a eles. Ela foi deflagrada com base em investigações sobre a compra e reforma de um sítio em Atibaia frequentado pelo petista, o fato de sua mudança ter sido transportada para o local e a relação desses episódios com empreiteiras investigadas na Lava-Jato, além da relação dele com um tríplex no Guarujá reformado pela OAS.
São investigados crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros praticados por diversas pessoas no contexto do esquema criminoso revelado pela Lava-Jato que envolve pagamento de propina por grandes empreiteiras em troca de obras na Petrobras a partidos políticos.
A investigação que atinge em cheio o principal nome do PT ocorre um dia depois de vir à tona a delação do ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (PT-MS), na qual o parlamentar afirma que a presidente Dilma Rousseff teria atuado para interferir nas investigações no Judiciário e que Lula teria pedido para ele procurar o filho de Nestor Cerveró para evitar que o ex-diretor da estatal não implicasse José Carlos Bumlai.