O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o novo ministro da Casa Civil. Após uma série de reuniões entre a noite de terça e a manhã desta quarta-feira, Lula aceitou o convite para reforçar o governo Dilma Rousseff. Ele assumirá a vaga de Jaques Wagner. A Casa Civil confirma a mudança, que foi anunciada primeiro pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Em seu perfil no Twitter, ele comemorou a confirmação do ex-presidente na equipe ministerial:
O retorno de Lula ao Planalto foi acertado nesta quarta-feira em conversa com a participação de Wagner, cotado para ficar como secretário-executivo da Casa Civil. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, também esteve no encontro.
A principal missão do ex-presidente é mergulhar nas articulações no Congresso para barrar o processo de impeachment de Dilma Rousseff, que deve ser retomado na Câmara até o final da semana.
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Lula chegou a Brasília na terça-feira e ficou mais de quatro horas com a presidente Dilma Rousseff. A indicação do ex-presidente chegou a ser repensada depois da homologação da delação premiada de Delcídio Amaral (sem partido-MS), porém a pressão de petistas aumentou. Ao virar ministro, Lula retoma o foro privilegiado e fica protegido da caneta do juiz Sergio Moro. As investigações do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia ficarão em inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).
As tratativas iniciais indicavam Lula na Secretaria de Governo, mas os planos mudaram. Na Casa Civil, ele ganha status de "primeiro-ministro", com envergadura para promover mudanças na área econômica e na política. A situação ofusca Dilma, que perderá influência no próprio governo em troca da tentativa de salvar o mandato, ameaçado pelo impeachment.
Nos bastidores, acredita-se que o ex-presidente promoverá uma reforma ministerial, com mudanças na Educação e no Banco Central. Uma das primeiras articulações será para conter a debandada do PMDB do governo, em especial a do grupo do Senado, comandado por Renan Calheiros (PMDB-AL).
Líder do governo na Câmara durante partes dos governos Lula e Dilma, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) acredita que a nova composição do Planalto lembrará os dois mandatos do ex-presidente, com Lula concentrado na política e Dilma nos projetos em execução no governo.
– Ele terá uma incidência sobre a política e ela sobre a gestão. Vai funcionar muito bem e vai impedir esse golpe do impeachment. Dilma foi Casa Civil de Lula e agora ele será Casa Civil de Dilma. Os dois se dão bem – afirmou.
* Zero Hora