Mesmo sem consenso entre os líderes da base aliada, o governo passou a defender a celeridade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), disse, após reunião com a base e com o ministro Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), que o Planalto está "pronto para discutir esta matéria". O início dos trabalhos depende da resposta do Supremo Tribunal Federal (STF) ao recurso apresentado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
– O governo, desde o ano passado, tem dito que está pronto para discutir o impeachment. Já existe uma decisão mais que clara. Cabe ao presidente (Cunha) colocar a comissão para funcionar. Estamos prontos para discutir esta matéria – afirmou Guimarães ao deixar a reunião.
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Guimarães deu a entender que não é necessário aguardar uma resposta aos embargos de declaração que questionam, entre esses pontos, o veto à chapa avulsa. Eleita no final do ano passado, ela tem viés mais oposicionista.
– Para nós, o Supremo já decidiu – afirmou Guimarães.
A postura do governo não foi consenso na reunião. Há líderes que entendem o encaminhamento como um erro, pois a sociedade pode interpretar mal, entendendo que o governo jogou a toalha ou que a própria base aliada defende o impedimento da presidente.
Na reunião, a avaliação do Planalto foi de que a morosidade do processo é culpa da oposição e do presidente da Câmara, responsável por deflagrar o impeachment. Para os governistas, a oposição arrasta o processo para fazer o governo "sangrar".
– A gente não tem que ter medo do impeachment. Se não tiver 170 votos para barrar o impeachment, não vai ter os 250 votos que precisa para aprovar os projetos necessários para governar – disse Berzoini, segundo um participante da reunião.
O ministro também afirmou que o objetivo do governo é não aumentar a instabilidade.
– A instabilidade política não pode sufocar, emparedar a retomada do crescimento – afirmou Guimarães, negando haver crise institucional no país. – O país tem governo – disse.
Criticando a oposição, Guimarães voltou a condenar a estratégia do "ou tudo ou nada". Apesar de o governo avaliar que a votação de matérias polêmicas, como a que aumenta as despesas obrigatórias da União com a Saúde e a que trata da dívida de Estados e municípios, pode ser arriscada em uma semana dominada pela tensão política, o líder voltou a criticar a estratégia oposicionista de obstruir as votações na Câmara, no Senado e na sessão do Congresso, marcada para a noite desta terça-feira.
Manifestações
Ao tratar das manifestações antigoverno marcadas para o próximo domingo, 13, Guimarães disse que os atos têm que ser encarados com normalidade e alegou que o governo quer evitar confrontos. O apelo foi feito também por Berzoini durante a reunião.
Questionado se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estimulava violência ao conclamar que sua militância fosse às ruas, Guimarães esquivou-se.
– Teve violência maior que a que fizeram com o Lula? – questionou, fazendo alusão à condução coercitiva do petista para prestar depoimento à Polícia Federal, na última sexta-feira, no âmbito da Operação Lava-Jato.
*Estadão Conteúdo