Com a nomeação de Lula para a Casa Civil e uma dança das cadeiras em ministérios em execução, George Hilton (PRB) vai deixar o cargo de ministro do Esporte do governo de Dilma Rousseff.
Hilton ocupava a função desde o início de 2015, quando sucedeu Aldo Rebelo (PC do B). A Folha apurou com pessoas próximas que ele ficou incomunicável durante toda a tarde desta quarta-feira. Ele cumpriu agenda no Rio.
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A tendência é a de que Dilma e Lula optem por um político da base aliada, já que o PRB de Hilton rompeu com o governo nas últimas semanas.
No dia 11 de março, Marcos Pereira, presidente do PRB, assinou artigo na Folha de S.Paulo em que dizia apoiar o impeachment da presidente da Dilma Rousseff.
Foi o primeiro passo da saída do partido da coalizão governista. Ministro do Esporte, George Hilton defendeu publicamente Dilma, afirmando que Pereira havia esquecido de conquistas que o PT teve nos anos de governo.
A presidente recebeu bem a defesa, e a Folha apurou que Hilton imaginava que poderia ser mantido no cargo mesmo com a saída do partido. Além da defesa pública, pesaria a favor o fato de os Jogos Olímpicos do Rio-2016 estarem próximos (serão de 5 a 21 de agosto), e uma mudança no ministério agora seria prejudicial para a organização.
Tudo mudou com o anúncio de Lula como ministro da Casa Civil. Próximo de Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara que hoje chefia a Secom (Secretaria de Comunicação Social), a Folha apurou que Lula o quer como chefe do ministério do Esporte.
Silva já era um dos principais interlocutores do Planalto em temas esportivos, e negociava, por exemplo, o nome do presidente da Apfut, o órgão criado para fiscalizar os clubes sobre as contrapartidas do Profut, a lei de responsabilidade fiscal do futebol.
Silva também havia sido cotado para presidir a APO (Autoridade Pública Olímpica), mas acabou não sendo indicado para o cargo.
Unanimidade do PRB
O presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, anunciou nesta quarta-feira, que seu partido deixará a base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff. Ele afirmou que as bancadas da sigla adotarão postura de "independência" na Câmara e no Senado.
Pereira disse que a decisão de desembarque do PMDB foi aprovada durante reunião na tarde desta quarta-feira, por unanimidade, pela bancada do PRB na Câmara, composta por 21 deputados. De acordo com ele, a decisão foi motivada pelo agravamento da crise econômica e política.
– Estamos escutando a voz das ruas. Não estamos vendo norte para a situação que o país vive – justificou.
Líder do bloco partidário formado pelo PRB, PTN, PTdoB e PSL, o deputado federal Celso Russomano (SP) afirmou que a decisão de desembarcar do governo não tem nada a ver com o anúncio de nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a chefia da Casa Civil, no lugar de Jaques Wagner.
– Essa foi uma posição partidária – disse o parlamentar, pré-candidato a prefeito de São Paulo.
O presidente nacional do PRB afirmou que o senador Marcelo Crivella (PRB) disse que também adotará postura independente no Senado. Crivella, contudo, deve desembarcar do PRB. O senador está negociando sua filiação no PSB.
*Com informações da Folhapress e Estadão Conteúdo