Por trás da boca lambuzada de batom, da tinta branca no rosto e do nariz vermelho, pulsam corações dispostos a alegrar quem espera por um sorriso. Formado há um ano, o grupo Folia do Coração surgiu entre amigas e amigos que frequentam a sociedade espírita Casa do Jardim. Ao todo, são dez participantes, entre bancários, contadores, professores e estudantes que deixam as rotinas de lado por algumas horas e se tornam médicos palhaços.
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Uma vez por mês, o grupo visita os idosos do Recanto São Francisco, no Belém Velho, entidade onde o Folia começou as atividades. Ali, a bancária Ana Laura Lima Gomes, 36 anos, se torna a Dra. Pimentinha da Silva Só, a administradora Márcia Dal Bosco, 51 anos, a Dra. Estrelinha da Luz, a estudante Fernanda Gomes, 17 anos, a Dra. Joaninha do Abraço, a contadora Roseli Brondani, 39 anos, a Dra. Cheirinho de Amor, a professora Andréa Teixeira da Silva, 39 anos, a Dra. Brilho do Luar, e a compradora Carla de Velis, 36 anos, a estagiária dos médicos-palhaços.
Com o lema "onde houver tristeza, que eu leve alegria", uma citação de São Francisco de Assis, o grupo atua também em eventos organizados pela sociedade espírita e pelo Mudando Vidas, formado por amigos para atender pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O motivador destas doutoras da alegria vai além de qualquer recompensa financeira, já que as ações são gratuitas. Em cada nova visita aos "pacientes", a retribuição vem por meio de sorrisos espontâneos, olhares brilhantes e dos abraços verdadeiros que elas garantem: renovam a alma de cada uma.
Abaixo, confira o depoimento da Dra. Pimentinha da Silva Só, a idealizadora do grupo:
Agradecimento
"Sempre gostei de ajudar ao próximo, mas o nascimento do meu filho, há 14 anos, tornou isso mais intenso. É uma forma de agradecer pela vida, exercitar o amor ao próximo, a tolerância, a solidariedade, valores que às vezes ficam esquecidos na vida agitada dos tempos atuais."
Missão
"Existe uma responsabilidade muito grande em colocar um nariz de palhaço. Porque não é uma palhaçada tão somente, não é uma brincadeira. Ser médico-palhaço é um instrumento de amor. Cada ação deixa uma marca. Em todas, a sensação é de missão cumprida, de paz de espírito, e a gente se dá conta que nossos problemas são muito pequenos para sofrermos por eles. A alegria de ver brotar um sorriso no rosto de idoso ou de uma criança é algo imensurável!"
Tempo
"A gente percebe que com o passar do tempo as pessoas não precisam do material. É mais a questão do abraço, do escutar alguém, do estender a mão. Só ficar escutando um coração já é muito. E é isso que, às vezes, falta para as pessoas na correria do dia-a-dia."
Experiência
"Cada experiência é uma experiência nova. Mas o que motiva é a paz que a gente consegue traduzir, quando a gente consegue abraçar um idoso, quando a gente consegue abraçar uma criança, e a gente naquele olhar a gente consegue brotar um sorriso, brotar uma esperança, fazer daquele momento um momento feliz."
O bem
"Parece que a gente veio no lugar para fazer o bem para alguém. Quando a gente vai embora, percebemos realmente que fizemos o bem. Mas saímos tão bem, tão bem, que o bem é para todo mundo."