Por aclamação e sem a presença do vice-presidente Michel Temer, o PMDB confirmou o desembarque do governo Dilma Rousseff. A decisão, que já era aguardada, foi tomada em reunião relâmpago do diretório nacional do partido nesta terça-feira. Sem o apoio da legenda, dona das maiores bancadas da Câmara e do Senado, o Palácio do Planalto vê aumentar as dificuldades para conter o processo de impeachment.
Beneficiário direto de uma eventual queda de Dilma, Temer, que também preside o PMDB, foi a principal ausência do encontro realizado em Brasília. Ele repassou a missão de coordenar a reunião do diretório ao primeiro-vice do partido, senador Romero Jucá (RR).
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Com o plenário 1 da Câmara lotado, a reunião durou três minutos. Aos gritos de "Brasil pra frente, Temer presidente", o diretório aprovou por aclamação a moção que determina a saída da sigla do governo e proíbe seus filiados de ocuparem cargos na máquina federal. Contudo, não ficou claro qual o prazo para os pedidos de demissão.
– O PMDB se retira da base do governo da presidente Dilma Rousseff. Ninguém no país está autorizado a exercer qualquer cargo federal em nome do PMDB – afirmou Jucá (RR).
Além de Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), não compareceu ao encontro. Réu na Operação Lava-Jato, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), compôs a mesa que coordenou a reunião.
Negociada nas últimas semanas, a aprovação da saída por aclamação foi acertada em uma reunião de Temer com Renan, na segunda-feira. O presidente do Senado resistia ao desembarque, com a tese de que o governo cairia sem o empurrão do PMDB.
Na véspera da reunião do diretório, Henrique Eduardo Alves (RN), próximo de Temer, pediu demissão do Ministério do Turismo. A ala de oposição do PMDB pressiona os outros seis ministros a tomarem a mesma posição. A mais resistente a entregar o cargo é Kátia Abreu, titular da Agricultura, que cogita deixar o partido para permanecer ao lado de Dilma. Da cota da Câmara, Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Marcelo Castro (Saúde) e Mauro Lopes (Aviação Civil) terão de pedir demissão.
Da cota do Senado, devem sair Eduardo Braga (Minas e Energia) e Helder Barbalho (Portos), filho do senador Jader Barbalho (PA). Na operação para acelerar o impeachment, o PMDB acredita que seu rompimento com o governo forçará a saída de outros partidos da base de Dilma. O PSD, que comanda o Ministério das Cidades, anunciou que vai liberar sua bancada na votação no plenário da Câmara para abertura do processo de impedimento da presidente.
O PP se reúne ainda nesta semana para discutir o tema.