O vice-presidente da República, Michel Temer, é citado na delação premiada de Delcídio Amaral (PT-MS) por ter tido participação na nomeação de executivos da Petrobras condenados em uma ação da Operação Lava-Jato. O nome do vice-presidente aparece quando Delcídio fala sobre o "escândalo" da aquisição de etanol na BR Distribuidora.
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Em depoimento, Delcídio mencionou que um dos maiores escândalos envolvendo a subsidiária BR Distribuidora foi a aquisição ilícita de etanol entre 1997 e 2001. O principal operador do esquema foi João Augusto Henriques, diretor da empresa de 1998 a 2000, no governo Fernando Henrique Cardoso. Delcídio afirma que o "padrinho" de João Henriques no esquema do etanol foi Michel Temer, e que eles possuem uma relação antiga.
Em 2008, o ex-diretor da BR Distribuidora havia sido o primeiro indicado para substituir Nestor Cerveró na Diretoria Internacional da Petrobrás, "porém foi vetado pessoalmente pela então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e substituído por Jorge Zelada, indicação do próprio João Augusto".
Zelada, que virou então diretor da área Internacional da Petrobras de 2008 a 2012, é outro ex-executivo apontado como apadrinhado de Temer. No depoimento, Delcídio afirma que o ex-executivo foi "chancelado" por Michel Temer.
Henriques foi preso na 19ª fase da Lava-Jato, em setembro passado, e acabou condenado pelo juiz Sergio Moro em fevereiro. Zelada está preso desde julho do ano passado e foi condenado na mesma ação penal.
A investigação apurou que Henriques teria intermediado pagamento de US$ 20 milhões a pessoas ligadas ao PMDB. O suborno seria referente ao aluguel do navio-sonda Titanium Explorer, operação feita pela Diretoria Internacional da Petrobras. O negócio teria se concretizado quando o diretor internacional era Jorge Zelada.