O senador Delcídio Amaral indicou a interlocutores que pode detalhar à Justiça negociações feitas entre ele e o tucano Aécio Neves na CPI dos Correios, em 2006, que investigou o mensalão. À época, Aécio era governador de Minas Gerais, e o PSDB local entrou no foco porque tinha adotado esquema semelhante para financiar campanhas eleitorais. As informações foram divulgadas pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, nesta quinta-feira.
Principal líder de oposição ao governo de Dilma Rousseff, Aécio foi citado na delação de Delcídio junto com outros quatro senadores que teriam se beneficiado de desvios da Petrobras, todos do PMDB: Renan Calheiros (AL), Edison Lobão (MA), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO). Na quarta-feira, vazaram os nomes dos cinco parlamentares, mas não houve a divulgação das razões pelas quais Delcídio os citou na delação.
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Em meio à Lava-Jato, duas acusações contra o tucano já foram arquivadas. Os demais senadores seguem respondendo a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Somente Renan Calheiros é alvo de seis investigações derivadas da operação que investiga o esquema de corrupção na Petrobras.
Aécio: "Tentativa irresponsável"
Em contato com a Folha de S. Paulo, a assessoria de Aécio rechaçou as supostas negociações com Delcídio. "Aécio Neves nunca tratou de assuntos relacionados à CPI dos Correios com o senador Delcídio do Amaral e nem sequer estava no Congresso Nacional na época", afirmaram os assessores.
Na quarta-feira, o ex-governador mineiro divulgou um vídeo em sua página no Facebook, no qual critica a inclusão de seu nome na delação. Para ele, essa foi um "tentativa irresponsável" de relacioná-lo novamente às investigações na Lava-Jato. Aécio prometeu que as acusações serão desmascaradas e aproveitou para convocar as manifestações contrárias ao governo petista, marcadas para o próximo domingo no país.
– Isso (a delação) não nos intimida. Pelo contrário, continuamos apoiando a Operação Lava-Jato. Estaremos prontos para dar responder a quaisquer indagações – comentou.
Publicado por Aécio Neves em Quarta, 9 de março de 2016
"Vamos estar prontos para reagir à altura a essa tentativa de misturar aquilo que não é igual. Não somos iguais àqueles...
As acusação da Lava-Jato contra o tucano
Além da delação de Delcídio e das duas acusações arquivadas pelo STF, há uma terceira acusação contra Aécio dentro da Lava-Jato. Em fevereiro, o lobista Fernando de Moura disse à Justiça que Aécio receberia um terço dos recursos desviados de Furnas.
O primeiro a envolver o tucano havia sido o doleiro Alberto Youssef. Em seguida, Carlos Alexandre de Souza, o Ceará, encarregado por Youssef de entregar propinas, também disse que Aécio era um dos destinatários do dinheiro. Para o ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo, não havia consistência nas afirmações.