O vice-líder do governo na Câmara, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), anunciou nesta quinta-feira que a defesa da presidente Dilma Rousseff será protocolada na comissão do impeachment na próxima segunda-feira, às 16h. Os governistas querem que o advogado-geral da União, ministro José Eduardo Cardozo, faça a sustentação oral da defesa às 17h.
De acordo com Teixeira, a intenção é que, no último dia do prazo final dado à petista, Cardozo faça uma exposição de duas horas aos membros do colegiado. A aposta é que a boa oratória do ministro convença os deputados que ainda não têm uma posição fechada sobre o impeachment. A programação só mudará se a presidente da República optar por judicializar o processo.
Leia mais
"Não há poder legítimo se a fonte não for o voto popular", diz Lula em vídeo
Novos ministros devem ser escolhidos até esta sexta-feira, prevê Edinho Silva
Cunha diz que negociação de cargos "é liquidação de fim de governo"
O presidente da comissão do impeachment, Rogério Rosso (PSD-DF), sinalizou que não pretende contrariar a base aliada e que dará espaço para o ministro fazer a defesa oral. Nas sete sessões que se realizaram até agora, Rosso tem defendido a precaução com os trâmites dos trabalhos para evitar que haja futuramente judicialização sob a alegação de que a defesa da petista foi cerceada.
Os governistas deixaram a sessão desta quinta-feira comemorando a audiência com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e com o professor de Direito Tributário da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Ricardo Lodi Ribeiro. Os aliados do Planalto acreditam que, diferentemente da reunião de quarta-feira, onde os juristas Janaina Paschoal e Miguel Reale Júnior deram um tom político em suas explanações, hoje os parlamentares tiveram a oportunidade de ouvir explicações técnicas sobre as chamadas "pedaladas fiscais".
– Quisemos trazer o jogo para o campo correto – afirmou Teixeira.
Durante a exposição de Barbosa, que falou por mais de 30 minutos, parlamentares ficaram em silêncio, o que foi interpretado como um sinal de respeito às explicações do técnico e persuasão dos que estavam indecisos. O ministro repetiu que não há base legal para o impedimento da presidente e que Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade fiscal. O momento mais turbulento foi quando o jurista se pronunciou e os oposicionistas questionaram se ele estava na sessão como professor ou advogado de defesa de Dilma, o que causou troca de farpas entre os parlamentares.
Os oposicionistas deixaram a sessão, que foi interrompida devido ao início da ordem do dia, com a sensação de que o ministro "fez contorcionismo para explicar o inexplicável", nas palavras do líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA). Ao final, o peemedebista Carlos Marun (MS) ironizou a comparação de Barbosa com as compras de uma família no supermercado. O ministro fez uma relação entre as escolhas do governo sobre onde gastar seus recursos com uma família que tem que comprar um determinado número de itens no supermercado e não tem dinheiro para tudo, portanto deve fazer escolhas.
– Ele (governo) deu um cheque sem fundo e o gerente segurou – ironizou Marun.