O coronel catarinense Adilson Moreira, até então chefe da Força Nacional de Segurança, pediu demissão nos últimos dias, segundo informações do jornais O Estado de S. Paulo e O Globo. Em e-mail enviado para seus subordinados, o militar natural de Joinville informa que solicitou a saída da função em 21 de março para a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki. Ele afirma que deu um prazo de 15 dias para desocupar a posição.
No e-mail reproduzido pelos dois jornais, Moreira afirma que convenceu sua família a assumir o cargo em janeiro deste ano, quando o também catarinense, coronel Nazareno Marcineiro, deixou a função. A intenção, segundo Moreira, era ficar até o final dos Jogos Olímpicos, evento que a Força Nacional será responsável pela segurança.
No entanto, explicou o catarinense no e-mail, "agora em março não foi mais possível manter o foco na área técnica somente". Ele diz que a sua família exigiu a sua saída: "pois não precisa ser muito inteligente para saber que estamos sendo conduzidos por um grupo sem escrúpulos, incluindo aí a presidente da República. Me sinto cada vez mais envergonhado. O que antes eram rumores, se concretizaram".
O catarinense ainda disse que a "administração federal não está interessada no bem do país, mas em manter o poder a qualquer custo".
Contraponto
O Ministério da Justiça, que administra a Força Nacional, afirmou por meio de assessoria de imprensa que as declarações de Moreira podem implicar em falta disciplinar e deslealdade administrativa. Leia a nota na íntegra:
"O Ministério da Justiça tomou ciência da mensagem do coronel Adilson Moreira, diretor-substituto da Força Nacional (FN), dirigida aos tenentes-coronéis da Força, por meio da imprensa e, considerando graves as declarações que podem implicar falta disciplinar e gesto de deslealdade administrativa, resolveu instaurar inquérito administrativo e submeter a matéria à Comissão de Ética Pública da Presidência da República, uma vez que o coronel mencionou o nome da senhora Presidenta. Foi também solicitado à Advocacia Geral da União que verifique o cabimento de eventuais medidas judiciais".
Saída de Nazareno também foi polêmica
Ao deixar o cargo de chefe da Força Nacional, em dezembro do ano passado, o coronel Nazareno Marcineiro também causou polêmica. Ele disse em entrevista ao DC que as pessoas à frente da segurança pública nacional estavam "mais preocupadas em se manter no poder".
Na época, Marcineiro saiu do cargo e Moreira ficou em seu lugar interinamente. Marcineiro disse ter pedido demissão por incompatibilidade com quem estava à frente da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Regina Miki.
Atuação em Joinville
A última função de Moreira em Santa Catarina foi como comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar de Joinville. Ele deixou o cargo em junho de 2014. Até então, esteve à frente de casos polêmicos ocorridos no Norte do Estado desde agosto de 2013.
Um dos principais foi a briga entre as torcidas de Vasco e Atlético Paranaense, na Arena, em dezembro de 2013. Na época, Moreira afirmou que a PM não estava fazendo a segurança interna da partida porque o local era de responsabilidade de uma empresa privada.
Filho da primeira vereadora mulher de Joinville, Moreira foi bastante parabenizado por amigos nas redes sociais pela atitude tomada ao deixar a chefia da Força Nacional. Em seu perfil do Facebook, o catarinense não falou sobre o caso. (Colaborou Leandro Junges)
Com informações do Estado de S. Paulo e O Globo